Após vazamento de imagens do Planalto, Gonçalves Dias não vai à Câmara falar de atos golpistas

Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro durante a invasão ao Palácio do Planalto (Foto: LUCAS NEVES/ENQUADRAR/ESTADÃO CONTEÚDO)

Após o vazamento de imagens do circuito interno do Palácio do Planalto que mostram o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) circulando em meio a invasores na tarde em que ocorreram os atos golpistas em Brasília, o ministro Gonçalves Dias faltou à sessão da Comissão de Segurança Pública e Crime Organizado da Câmara dos Deputados.

A expectativa era que o general comparecesse para prestar esclarecimentos sobre decisões tomadas para conter a ação dos vândalos em 8 de janeiro, uma vez que a responsabilidade pela segurança do Planalto é uma das atribuições do GSI, órgão que tem status ministerial. A ausência do militar foi justificada com a apresentação de um atestado médico do Serviço Médico da Coordenação de Saúde da Presidência da República.

Com a falta de Gonçalves Dias na sessão desta tarde, os deputados da Comissão aprovaram a convocação do ministro, que não poderá se negar a comparecer. Até a publicação desta reportagem, não havia sido definida data para a audiência.

A tensão envolvendo o episódio deve fazer aumentar a pressão da oposição para que seja instalada a Comissão Parlamentar Mista de Investigação (CPMI) sobre os atos golpistas de 8 de janeiro. O governo acompanha essa possibilidade com preocupação, uma vez que o início dos trabalhos da comissão poderia atrapalhar a tramitação de projetos considerados essenciais, como o arcabouço fiscal e a reforma tributária.

Nas imagens obtidas e divulgadas pelo canal de televisão fechado CNN Brasil, o ministro do GSI caminha entre os vândalos no terceiro andar do palácio. Em outro registro, ele gesticula para que os invasores deixem o prédio pela escada. Outros militares também interagem com os vândalos golpistas.

Nas gravações divulgadas pela emissora, não se percebe qualquer movimentação ou gesto dos agentes com o intuito de coibir os invasores ou prender as pessoas que transitavam pelo local. Entre os prejuízos causados pelos criminosos ao patrimônio público está a danificação de um relógio do século 17. Também foram danificadas câmeras de segurança, móveis e obras de arte.

Por meio de nota divulgada em seu site, o GSI afirmou que as condutas dos agentes no dia dos atos golpistas passam atualmente por investigação interna, e os autores serão responsabilizados se for comprovada irregularidade.

Ainda segundo o GSI, agentes de segurança estavam no local para esvaziar o terceiro e o quarto andar do edifício, onde ficam as salas do ministério da Casa Civil e do próprio GSI. A nota também diz que os militares direcionaram todos os invasores que permaneciam no Planalto para o segundo pavimento, onde foram feitas prisões em flagrante após a chegada do reforço de agentes da Polícia Militar do Distrito Federal.

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luispereira

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