Equilíbrio fiscal vai permitir juros menores no futuro, diz Campos Neto

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O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou, nesta quinta-feira (10), que o Brasil tem feito um “grande esforço fiscal”, mas ressaltou que os gastos reais ainda estão em patamar muito superior à média global. Ele participa de audiência pública realizada pelo Senado Federal para prestar esclarecimentos sobre a política monetária e a estabilidade financeira do país.

Durante sua fala, Campos Neto disse que o equilíbrio das contas públicas terá papel importante sobre o resultado da política monetária, permitindo cortes mais expressivos na taxa básica de juros (a Selic, hoje a 13,25% ao ano) no futuro.

“O Brasil tem feito um grande esforço fiscal, mas, quando olhamos nosso gasto em termos reais, ele ainda é muito acima do mundo. No biênio 2023-2024, por exemplo, o Brasil vai gastar 3,3% em termos reais, comparado com a média da América Latina, que é -0,9%”, disse.

“O Brasil gasta bastante mais, em termos reais, comparado com outros países. Isso ajuda a explicar um pouco essa desancoragem”, continuou.

Em sua apresentação, Campos Neto mostrou que iniciativas como a decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN) ‒ órgão que ele mesmo integra ao lado dos ministros da Fazenda, Fernando Haddad (PT), e do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB) ‒ de manter a meta de inflação em 3% ao ano, com tolerância de 1,5 ponto percentual ajudaram na melhora das expectativas do mercado.

Por outro lado, chamou atenção para a inflação implícita de mercado no longo prazo, que ainda apresenta um crescimento para os anos de 2025 e 2026. Para ele, o dado tem grande correlação com a expectativa dos agentes econômicos com medidas fiscais.

“Eu digo que a inflação vai ser baixa lá na frente, mas o mercado nem sempre acredita. Por outro lado, o governo diz que vai fazer um fiscal melhor lá na frente, mas, como vemos também, o mercado não põe isso no preço”, exemplificou.

“O governo, no plano do arcabouço tem -0,5%, 0%, 0,5% e 1%, mas quando olhamos as previsões de mercado, elas estão bem piores do que isso. Isso mostra que à medida que forem passando as medidas, que vão agora trazer mais receita, esses números devem melhorar. Isso também vai contribuir para uma inflação menor lá na frente”, prosseguiu.

“Se conseguirmos ancorar essa expectativa fiscal, também conseguimos ancorar a expectativa monetária. Isso vai fazer com que os juros fiquem menores lá na frente. Vamos poder cair mais os juros na medida em que isso for acontecendo”, disse.

Respondendo a um questionamento do senador Sérgio Moro (União Brasil-PR), Campos Neto disse que a política fiscal “impacta muito” a taxa de juros neutra ‒ isto é, o patamar de juros reais que não gera nem inflação nem desinflação.

“Eu tenho um bom grau de convicção de que, se a gente conseguir atingir as metas fiscais, os juros vão ser menores, consistentes e menores, e a gente vai poder cair mais rápido os juros num período à frente”, salientou.

“Obviamente, quando você tem uma melhora fiscal por queda de gastos, você tem um efeito mais positivo na inflação do que quando você tem uma queda fiscal por aumento de receitas”, ponderou.

“O nosso objetivo é poder abrir um caminho para ter uma queda consolidada de juros. A aprovação das medidas é importante. É muito fácil falar que é importante cortar gastos de forma muito radical, mas a gente tem que entender que há uma parte dos gastos que é indexada e é muito difícil de ser atacada. É importante, ao longo do tempo, criar medidas para que a gente consiga ter uma estabilidade fiscal sem precisar ter aumento de receita, porque temos um nível de tributação já bastante alto. Mas estou de acordo de que a gente precisa agora correr atrás de um equilíbrio fiscal e do plano que foi desenhado. Se a gente atingir essas metas fiscais, a gente também vai atingir, com certeza, juro mais baixo e mais estável para frente”, concluiu.

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Marcos Mortari

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