Lula diz que indica STF e PGR até fim do ano, mas repete que não tem pressa

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversa com jornalistas no Palácio do Itamaraty (Joédson Alves/Agência Brasil)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva garantiu que irá indicar ainda neste ano os nomes para vagas no Supremo Tribunal Federal, na Procuradoria Geral da República e outros cargos, apesar de voltar a garantir que não tem pressa.

“Eu não posso fugir muito tempo, eu tenho que indicar. Agora que estou 100% recuperado, está chegando a hora de eu tomar a decisão. Logo, logo vocês vão saber quem que eu vou indicar”, disse, durante encontro com jornalistas que cobrem o dia a dia do Palácio do Planalto.

Lula tem duas decisões urgentes para tomar: a indicação de um novo PGR e de um novo ministro para o STF. Ambos os cargos estão há mais de um mês vagos, mas o presidente ainda não definiu uma posição.

Depois de afunilar a lista para dois nomes para a PGR — os procuradores Paulo Gonet e Antonio Carlos Bigonha –, e conversar com ambos, Lula não ficou totalmente satisfeito e pediu a amigos e aliados mais indicações. Ele pretende conversar pessoalmente com todos os nomes cotados, o que ainda não ocorreu.

“Não estou apavorado, não tenho pressa. Eu recebo muita sugestão. E nessas horas, como já fui presidente por oito anos, eu tenho que sentar com a minha consciência, contar muitas vezes até 10, para indicar a pessoa que seja a mais correta possível para cumprir a função de uma instituição de Estado. Eu não quero um amigo, quero alguém que seja sério e responsável”, disse.

Já para o STF, alguns nomes surgiram, mas o mais cotado era o atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino. De acordo com uma fonte palaciana, no entanto, o clima esfriou um pouco nas últimas semanas, apesar de ele ainda aparecer como nome mais forte.

Uma eventual resistência no Senado parece estar na mente do presidente, que disse aos jornalistas que para qualquer indicação precisa levar em conta a necessidade de aprovação pelos senadores.

“Não vou esperar pelo final do ano. Vou escolher as pessoas certas e adequadas para o lugar certo em função das circunstâncias políticas que eu tenho que levar em conta, não posso fechar os olhos e não enxergar que tenho que mandar um nome para ser aprovado pelo Senado”, disse, referindo-se a indicações em geral, não especificamente ao STF.

Nesta semana, o governo foi derrotado durante votação da indicação de Igor Roque para o cargo de Defensor Público da União (DPU), por 38 votos a 35. Senadores, inclusive da base, votaram contra Roque sob a alegação de que o defensor — que já ocupava o cargo interinamente — foi associado a debate sobre leis de aborto na DPU, o que provocou reação da bancada conservadora.

Lula lamentou e assumiu a culpa pela derrota.

“Possivelmente eu tenha culpa, não pude falar com ninguém sobre ele, estava hospitalizado. Nosso pessoal achou que ia ser tranquilo e não foi, paciência. Vou ter que indicar outro”, afirmou.

Sobre uma possível indicação de Dino ao STF, o presidente elogiou o ministro mas revelou estar em dúvida.

“Tenho em mente algumas pessoas da mais alta qualificação política, têm varias pessoas. Obviamente sou obrigado a reconhecer que Flávio Dino é uma pessoa qualificada do ponto de vista de conhecimento jurídico, altamente qualificada do ponto de vista político”, afirmou.

“Mas fico pensando: onde Flávio Dino será melhor para o Brasil? Na Suprema Corte ou no Ministério da Justiça? Isso é uma pergunta que eu tenho.”

Centrão e mulheres

Durante o café o presidente justificou a entrega da presidência da Caixa para um nome indicado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), Carlos Vieira. Lula deixou claro que precisa dos votos dos partidos para poder governar.

“Eu fiz um acordo com o PP e o Republicanos, é direito deles exigir um espaço no governo. Eles juntos têm mais de 100 votos e eu preciso desses votos, ainda tenho mais três anos para governar”, disse.

Lula avaliou que é preciso negociar cada ponto que o governo quer aprovar, e discutir com um Congresso conservador.

“Por mais que a gente diga que o Congresso Nacional é conservador, aquela é a cara do povo brasileiro na hora do voto”, lembrou.

Lula justificou ainda a troca de três mulheres por homens nas mudanças promovidas no primeiro escalão. Além de Rita Serrano, na Caixa, saíram Ana Moser, no Esporte, substituída por André Fufuca, e Daniela do Waguinho, no Turismo, trocada por Celso Sabino.

O presidente disse que pediu indicações femininas, mas os partidos não ofereceram nomes.

“Eu às vezes lamento profundamente não poder indicar mais mulheres do quem homens no governo. Acontece que, quando você estabelece alianças com partidos políticos, nem sempre esse partido tem uma mulher para indicar. Se bem que eu pedi para indicar mulher. Lamento”, defendeu.

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