Áudio revela que policial sugeriu solução extrajudicial a vítima de feminicídio devido à notoriedade do ex-marido

A estudante Rayssa de Sá, vítima de feminicídio na última quinta-feira (21), enviou áudio à família revelam que um escrivão da Polícia Civil a desencorajou a buscar uma solução judicial para recuperar pertences em sua antiga casa compartilhada com o ex-marido, Betinho Barros, secretário de comunicação de Belém, que tirou a própria vida após matar a ex-companheira a tiros. Rayssa já havia registrado um boletim de ocorrência pelas ameaças feitas por Betinho.

“Mãe, olha, já saí da delegacia, agora eu vou lá para a Defensoria Pública. Peguei minha identidade agora, porque Pedro ficou me enrolando, me enrolando, puxando assunto, dando conselhos, falando, falando… Ele disse que acha que eu consigo pegar essas minhas coisas de uma forma que não seja judicial, que eu fale com alguém da família dele para buscar, algo assim, se não resolver, aí eu vou com a polícia, mas ele disse para eu tentar resolver assim, porque ele é uma pessoa pública”, disse Rayssa.

Ouça o áudio de Rayssa:


A Polícia Civil da Paraíba anunciou que investigará eventuais irregularidades relacionadas ao caso. O áudio também revela que o escrivão, identificado como Pedro, estava ciente de casos de violência anteriores de Betinho em relacionamentos passados.

“Ele já falou com o pessoal de Belém para saber tudo sobre isso, e ele ainda soube que esse caso de violência de Betinho ficar batendo nos outros é antigo já, entendeu? Disseram que já tem um boato de que ele bateu na ex-mulher dele e tudo”, disse a jovem no áudio.

A polícia divulgou uma nota e planeja emitir um comunicado adicional sobre o caso após a divulgação do áudio. “A Polícia Civil adotou todas as providências para o caso, providenciando, inclusive, a Medida Protetiva uma semana antes que ela viesse a ser morta pelo ex-marido. Frise-se, ainda, que foi oferecido a Raysa um reforço em sua segurança, por meio da Patrulha Maria da Penha, mas ela preferiu não ser enquadrada no programa de proteção”, diz a nota.

 

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Cristiane Cavalcante

Cristiane Cavalcante