Escritora Neide Medeiros é a nova imortal da Academia Paraibana de Letras
Aescritora Neide Medeiros Santos é a nova imortal da Academia Paraibana de Letras (APL). Em eleição realizada na manhã de ontem, por 24 votos a cinco, a escritora foi escolhida para ocupar a cadeira 21 da Academia, em razão da vaga deixada pela morte do acadêmico Flávio Sátiro. Ela disputou a vaga com o escritor Flávio Lopes Rodrigues e se tornou a sétima mulher a fazer parte da APL que atualmente tem 40 imortais.
O trabalho de Neide como escritora, pesquisadora e crítica literária é voltado para a literatura infantojuvenil e ela conta que é representante da ‘Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil na Paraíba’, cuja sede é no Rio de Janeiro. Trata-se de uma entidade sem fins lucrativos que procura divulgar a boa literatura escrita para crianças e jovens no Brasil. A escritora disse ainda que publicou seis livros infantojuvenis, além de uma média de outros seis.
Entre as histórias que escreveu para o público infantojuvenil está a Série Quadrinhos, da Editora Patmos, na qual elaborou textos sobre Epitácio Pessoa, Vidal de Negreiros, Eudésia Vieira e Graciliano Ramos. Em 2014 lançou Era uma vez um menino chamado Augusto, sobre o escritor paraibano Augusto dos Anjos, com ilustrações de Tônio.
O primeiro livro da escritora foi A Hora e Vez da Literatura Infantil (2000), depois vieram muitos, a exemplo de Guriatã: uma viagem mítica ao país-paraíso (2005), Livros à espera do leitor (2009), e Autores e Livros em Contraponto (2016). Já editou dois livros sobre Violeta Formiga, um em 2007 e outro em 2012, e uma série de cinco livros sobre Augusto dos Anjos. Em 2018 recebeu o título de ‘Escritora do ano’ pela Fundação Casa de José Américo.
Neide Medeiros nasceu no Rio Grande do Norte, no município de Jardim do Seridó, mas ainda criança foi morar em Campina Grande, onde se formou em Letras pela Universidade Federal de Campina Grande. Ela conta que sempre se dedicou ao ensino e a literatura infantil, dedicação que fica bem evidente quando se olha para a trajetória do seu trabalho.
Professora aposentada da Universidade Federal da Paraíba, onde integrava o Programa de Pesquisas em Literatura InfantoJuvenil, Neide escreve para o Jornal A União a coluna Baú de Livros, às terças-feiras, sobre autores paraibanos e sobre literatura infantil. Ela revelou também que, em setembro, estará lançando pela Editora União o livro ‘Literatura Paraibana em Cena’.
Sobre a eleição, Neide disse que “fui convidada para me candidatar ao cargo, mas a princípio fiquei relutando porque achava que era difícil chegar até aqui. Mas, a Academia estava precisando de mais mulheres e prometi a mim mesma que iria me aventurar. Tenho espírito jovial e muito dinamismo para trabalhar”, afirma a escritora. O presidente da Academia de Letras da Paraíba, o escritor Ramalho Leite, lembrou que Neide é a sétima mulher a ocupar uma cadeira na academia, tendo a escritora Elizabeth Marinheiro sido a primeira.
Zelo e amor pela literatura
Em perfil sobre Neide Medeiros publicado na terceira edição da Coleção Paraíba na Literatura, publicada pela Editora A União em 2021, a escritora e poetisa Yó Limeira, que já editou livros com a nova imortal, escreveu que Medeiros tem um “indiscutível valor intelectual” e que “a sensibilidade estética, o conhecimento, o zelo e o amor que dedica à literatura infantil vêm sendo reconhecidos”
Limeira escreve ainda que “como ela mesma lembra, bem pequena já se encantava com as histórias narradas por sua mãe. Daí foi apenas um passo: logo que aprendeu a ler, começou a desbravar o mundo maravilhoso de Lobato, com sua Chave do Tamanho e tantas outras histórias inclusive os contos de fadas do Tesouro da Juventude. A paixão pelos livros já se delineava naqueles tempos. Fácil foi optar mais tarde pelo curso de Letras e dedicar toda a sua vida à literatura, mais especificamente àquela destinada às crianças”.
Na mesma publicação, o escritor e também membro da APL, Hildeberto Barbosa filho, comentou: “Neide Medeiros elenca seus ‘livros inesquecíveis’ no campo da literatura infantil, na qual é mestra e pela qual revela uma paixão que não é comum. Uma paixão que diz muitas coisas de suas leituras, escolhas, inclinações, preferências e saberes. Lidando com essa disciplina muitos anos (…), soube separar o joio do trigo, valendo-se de sua sensibilidade e de sua consciência estéticas, para afastar de sua biblioteca subjetiva, a didática autoritária e o moralismo hipócrita tão presentes na maioria dos livros escritos para crianças. ‘Criança também é gente’, Neide não duvida disso”.
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