Frederick Wassef tem celulares apreendidos pela Polícia Federal em São Paulo
A Polícia Federal apreendeu quatro celulares com o advogado Frederick Wassef na noite de quarta-feira (17), em São Paulo. As informações são do blog da jornalista Natuza Nery, do G1.
O advogado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi encontrado em uma churrascaria na capital paulista, e além dos aparelhos apreendidos, Wassef teve o carro revistado pelos agentes da PF. Ainda segundo a jornalista, o advogado não havia sido encontrado durante operação deflagrada na sexta-feira, quando foram cumpridos mandados para apurar venda e recompra irregular de presentes oferecidos ao governo brasileiro, e por isso as buscas ocorreram na noite de quarta.
Na terça-feira (15), Wassef admitiu que usou recursos próprios para comprar um relógio de luxo da marca Rolex nos Estados Unidos, em 14 de março. Ele disse que resolveu comprar a joia – que havia sido um presente de autoridades sauditas a Jair Bolsonaro durante viagem do então presidente – para devolvê-la como presente ao governo federal. Wassef negou que tenha sido designado por Bolsonaro para reaver o relógio que havia sido vendido no país anteriormente.
A peça faz parte de um conjunto de objetos de alto valor apreendidos em uma operação em agosto pela PF. O item foi levado para os Estados Unidos, para onde Bolsonaro viajou às vésperas de deixar a Presidência, e foi vendido ilegalmente, de acordo com a investigação PF, pelo então ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, preso desde maio, em operação sobre falsificação de dados irregularmente em cartões de vacina.
De acordo com a lei, qualquer objeto de valor alto presenteado a uma autoridade do governo é considerado patrimônio da União, não podendo ser vendido. Em março, ao saber da existência do presente, em 15 de março, o Tribunal de Contas da União (TCU) deu a Bolsonaro o prazo de cinco dias úteis para que o relógio fosse entregue junto com os outros itens de alto valor.
“Eu comprei o relógio. A decisão foi minha, não fiz a pedido de Bolsonaro nem de Mauro Cid e não foi uma recompra, porque eu nunca vi esse relógio antes. Eu fiz um favor para o governo brasileiro que me deve R$ 300 mil. E fiz o relógio chegar ao governo”.
Wassef também disse que pagou em dinheiro vivo porque, de acordo com a legislação americana, dessa maneira é mais fácil registrar o nome do comprador, além de obter desconto. Ele mostrou ainda um recibo de compra, em seu nome, constando o valor de US$ 49 mil e ressaltou ter “economizado” dinheiro para o governo, já que segundo ele, a peça valeria muito mais.
Quando questionado sobre como o relógio retornou ao país, Wassef disse que não podia passar mais detalhes e que esse ponto seria relatado durante seu depoimento espontâneo à Polícia Federal.
Versão tem idas e vindas
Entretanto, antes de dizer que comprou o relógio em dinheiro vivo para devolver à União, Wassef negou ter conhecimento sobre as joias presenteadas ao governo Bolsonaro. Em nota anterior, ele informou que estaria sofrendo uma campanha de desinformação.
“Fui acusado falsamente de ter um papel central em um suposto esquema de vendas de joias. Isto é calúnia que venho sofrendo e pura mentira. Total armação. A primeira vez que tomei conhecimento da existência das joias foi no início deste ano de 2023 pela imprensa, quando liguei para Jair Bolsonaro e ele me autorizou como seu advogado a dar entrevistas e fazer uma nota à imprensa”, dizia nota do advogado.
Também na nota, divulgada antes da coletiva, ele disse que jamais soube da existência de joias ou quaisquer outros presentes recebidos. “Nunca vendi nenhuma joia, ofereci ou tive posse. Nunca participei de nenhuma tratativa, e nem auxiliei nenhuma venda, nem de forma direta ou indireta. Jamais participei ou ajudei de qualquer forma qualquer pessoa a realizar nenhuma negociação ou venda”.
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