Governo deve divulgar lista oficial de montadoras e carros “populares” nesta quarta
O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) deve publicar nesta quarta-feira (14) a lista de montadoras e os veículos incluídos no programa de descontos nos preços de carros “populares” e de até R$ 120 mil.
A informação foi divulgada pela Agência Brasil na segunda-feira (12), mas o MDIC não a confirma oficialmente. Procurado, o ministério disse que essas informações “estão sendo compiladas pela área técnica” e que, assim que tiver os dados prontos, fará a divulgação em seu site.
O programa do governo federal foi lançado no dia 5 por Geraldo Alckmin (PSB), vice-presidente e chefe do MDIC, e por Fernando Haddad (PT), ministro da Fazenda. A iniciativa vai durar até quatro meses (ou até acabar os R$ 500 milhões disponíveis).
O governo vai dar descontos de R$ 2 mil a R$ 8 mil nos carros que custam até R$ 120 mil, para baratear o preço aos consumidores (o que implica uma redução de 1,5% a 11,6%), de acordo com 3 critérios: preço, eficiência energética e “densidade produtiva” (porcentagem do veículo que é produzido no Brasil).
Mas algumas empresas estão indo além do desconto do governo e anunciando reduções adicionais nos preços dos carros — e também em veículos que não fazem parte do programa, por custar mais de R$ 120 mil ou não serem produzidos no Brasil (veja mais abaixo).
As montadoras tinham até segunda-feira (12) para aderirem ao programa. Elas tiveram que enviar ao MDIC a confirmação do interesse em participar do programa e fornecer a lista dos modelos que terão descontos.
Levantamento do InfoMoney
Antes mesmo da divulgação oficial, o InfoMoney se antecipou e procurou as 11 montadoras que poderiam aderir ao programa — Caoa Cherry, Chevrolet, Citroën, Fiat, Honda, Hyundai, Nissan, Peugeot, Renault, Toyota e Volkswagen —, questionando quais modelos e versões serão contemplados pelos descontos (e quais são os novos preços).
Até o momento, apenas a Honda e a Renault não enviaram as informações solicitadas. A Honda tem apenas um veículo na faixa de preço do programa, e a Renault divulgou apenas o preço do Kwid Zen 1.0, seu carro “de entrada”, até o momento (ele e o Fiat Mobi Like agora custam menos de R$ 60 mil).
A Volkswagen foi a primeira empresa a divulgar os novos valores, com um desconto extra de até R$ 5 mil além do subsídio do governo. Horas depois, Fiat e Citröen também atualizaram suas tabelas de preços, com reduções de até R$ 14,5 mil em algumas versões (e reduções que chegam a 16,3% ao consumidor).
Na sequência vieram os anúncios de Hyundai, Peugeot e Toyota, com descontos de até 14,9% (ou R$ 12,3 mil), ainda na semana passada. Nesta semana foi a vez de Chevrolet, Caoa Chery e Nissan confirmaram os valores de seus modelos (elas têm 6 modelos e mais de 20 versões com descontos de até R$ 10 mil).
Desconto vai afetar também os usados (e a bolsa)
O programa do governo deve ter impactos não só no mercado de carros 0 km: a queda nos preços deve também baratear os carros usados, segundo especialistas. Eles dizem também que a medida deve aumentar o leque de opções de usados para o consumidor e fomentar a competição entre novos e seminovos, possibilitando uma maior barganha na negociação.
O mercado acionário também já sente a influência dos descontos. A Localiza (RENT3), por exemplo, prevê um impacto entre R$ 575 milhões e R$ 650 milhões (antes de impostos) nos resultados do segundo trimestre. O efeito representa entre 1,3% a 1,5% do valor da frota da empresa no final do primeiro trimestre.
“A redução súbita nos preços dos carros novos reverbera também nos carros seminovos. Deste modo, já observamos em nossas operações, a necessidade de redução dos preços praticados para venda dos carros desativados, após o uso no aluguel”, destacou a Localiza em comunicado ao mercado.
Programa de descontos
No caso dos carros, os descontos variam de R$ 2 mil a R$ 8 mil para modelos de até R$ 120 mil (entre 1,6% e 11,6% do valor “antigo”). A porcentagem da queda acontecerá conforme o cumprimento das 3 variáveis (veja aqui como calcular o desconto do veículo a partir dessas variáveis):
- social (menor preço);
- ambiental (maior eficiência energética – nível de emissão de carbono);
- “densidade industrial” (porcentagem das peças que foram produzidas no Brasil).
Também haverá um desconto de R$ 36,6 mil a R$ 99,4 mil para ônibus e caminhões. Neste caso, a redução no preço será usada para renovar a frota mais antiga, com mais de 20 anos, e vai variar conforme o tamanho do veículo.
Para obter o desconto sobre o caminhão e o ônibus, o motorista precisa ter um caminhão licenciado com mais de 20 anos de fabricação e enviá-lo para reciclagem, como contrapartida. O comprador precisará apresentar um documento para comprovar a destinação do veículo antigo para o desmonte.
Créditos tributários
O programa para a renovação da frota será custeado por meio de créditos tributários (descontos concedidos pelo governo aos fabricantes no pagamento de tributos futuros). Em troca, a indústria automotiva se comprometeu a repassar a diferença ao consumidor.
Foram destinados R$ 1,5 bilhão à medida, dos quais R$ 700 milhões são créditos tributários para a venda de caminhões; R$ 500 milhões, para carros; e R$ 300 milhões, para vans e ônibus.
Para compensar a perda de arrecadação, o governo vai reverter parcialmente a desoneração sobre o diesel, que vigoraria até o fim do ano. Com isso, R$ 0,11 dos R$ 0,35 de PIS/Cofins que estão zerados serão reonerados a partir de setembro.
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