Casal perde bebê e adota cinco irmãos, na Paraíba: ‘éramos pais sem filho’


Casal perdeu bebê em 2018 e, quatro anos depois, adotou cinco irmãos. Hoje aprendem uma nova rotina, compartilhando amor e carinho. Paula e Danilo no primeiro dia que encontraram com os cinco filhos adotivos Arquivo Pessoal Paula e Danilo Araújo nunca mais se sentirão sozinhos. De uma vida de pais sem filho, para pais de cinco, o casal passou pelo luto da perda de um bebê para uma nova rotina: pais de cinco irmãos adotivos. A sensação de preenchimento é mútua. Pais que precisavam de filhos. Filhos que precisavam de pais. “A gente era pai sem filhos, e quando a gente conheceu eles foi com se todo aquele sentimento retornasse. Ele já estava guardado, só precisava ser liberto”, descreve Danilo. Mas se engana quem pensa que o desejo pela adoção começou quando o casal perdeu o bebê, que estava na barriga de Paula há oito meses. Na verdade, Paula já era mãe antes mesmo de pensar em ser. O desejo de adotar já fazia parte da infância de Paula. Quando sentava para brincar com as bonecas, reunia várias ao seu redor. E se alguém indagasse sobre a quantidade, ela apenas explicava que ali estava a representação do seu futuro. Haveria muitos filhos, alguns de sangue, outros do coração. “Eu sempre tive o desejo de formar minha família dessa forma: da forma biológica e pela adoção. Desde que namorei com Danilo, falava para ele e ele não tinha nada contra. E ficava subentendido que quando a gente casasse, a gente também ia por essa via de chegada. Só que assim que a gente casou, começamos a conquistar nossas coisas primeiro, comprar apartamento, ter um carro. Perdemos o primeiro bebê, e só depois que passamos do luto, pensamos em construir nossa família de novo. Achávamos realmente necessário essa fase”, explica Paula. E assim ela trilhou o seu primeiro dia das mães, mais do que preenchida de amor, transbordando. Casal da Paraíba fala sobre adoção de cinco irmãos Travessia do deserto É assim que o casal define a fase entre a perda do bebê e a preparação para a adoção dos cinco irmãos. O casal ficou órfão do filho em 2018. “Eu descrevo que foi nosso deserto, mas também nosso processo de amadurecimento maior dentro de um relacionamento”, desabafa Paula. O sentimento, sem dúvida, era de vazio. Como se algo faltasse na vida dos dois. Já era impensado viver sem o filho. Foram necessários cerca de quatro anos para que o sentimento se instalasse de uma forma mais leve, mais natural. “Eu sempre uso a frase que meu filho não precisa ser superado”, desabafa Paula. Fato é que ela e Danilo chegaram na fase da aceitação. E então, preparados para receber os filhos que os preencheriam, deram início ao processo de adoção. Danilo conta como o processo se deu. “Demos entrada no processo em janeiro de 2022. Em julho de 2022 a gente já estava habilitado. Em setembro, a gente conheceu as crianças”, detalha. Danilo, Paulo e crianças reunidos Arquivo Pessoal O perfil do casal na fila da adoção era de apenas duas crianças. Mas o destino coloca no caminho as necessidades de cada um. É como se o quebra-cabeça da vida de Paula e Danilo estivesse incompleto, faltando cinco peças. No processo de adoção, existe a busca ativa, um trabalho realizado com o objetivo de procurar famílias para as crianças, e não o contrário. Foi nesse processo que Paula e Danilo receberam a foto de Mateus, Jasmin, Pedro, Brenda e Kethylly. “Só a foto bastou”, confessa Paula. Para Danilo, que construiu a ideia ao lado de Paula, as crianças vieram no momento certo. “Pensei em tudo que a gente já construiu e parecia que Deus tinha preparado toda nossa trajetória para aquele momento. Fazia pouco tempo que a gente tinha conseguido comprar nossa casa, com 4 quartos, só nós dois, sou servidor público, consegui outra matrícula. Então Deus preparou tudo para que, quando chegasse esse momento, a gente só dissesse sim”, declara. Casal da Paraíba descreve como foi primeiro encontro com filhos adotivos Encontro com uma nova família Cinco crianças precisando de pai e mãe. Pai e mãe precisando de filhos. A ansiedade tomou conta e criar expectativa era involuntário. “A gente criou uma expectativa totalmente diferente do que a gente viveu. A gente estava com muito medo. Eles são muitos, tem os mais velhos, mas acho que o abrigo preparou eles bastante sobre a nova família”, relata Paula. Parafraseando Raimundo Fanger, no encontro “fez um dia lindo”. O lugar repleto de verde recebia o brilho do sol. As crianças aparentavam nervosismo, mas também aquela ansiedade de que faltava pouco para ser feliz. Com os olhos fechados e cobertos pelas mãos, o sofá reunia os cinco irmãos. Paula e Danilo chegaram radiantes e pedindo abraços. Os dois menores foram os primeiros a correr em direção aos pais. Houve quem chorasse. E também os mais tímidos. Mas no final, já eram um só. “Fomos acolhidos com um grande abraço, eles estavam vendados, com as mãozinhas nos olhos. A gente começou a brincar. Foi muito além de qualquer expectativa criada. A gente tinha aquele receio, aquele medo, e quebrou todos os tabus, foi leve, viajamos de volta de sorriso de orelha a orelha”, conta Paula. O encontro presencial aconteceu em setembro do ano passado. Por um mês viveram o que o processo chama de “período de aproximação” e, no mês de outubro, a Justiça autorizou que as crianças fossem para a casa de Paula e Danilo. Em março, as novas certidões foram emitidas e as cinco crianças passaram a ser “Oliveira de Araújo”. Um mês após oficializada a adoção, Paula engravidou do próximo filho Arquivo Pessoal Pais de seis? Todo o processo de adoção foi encerrado em março. Em abril, chegou um sexto integrante na família. Paula e Danilo passaram quatro anos tentando engravidar novamente, mas não aconteceu. E então seguiram para adoção. Quando tudo terminou e as crianças se instalaram na casa e no coração dos dois, a gravidez também aconteceu. Benjamim, filho da alegria, chegou para completar. “Eu gosto de dizer que ele precisava desses irmãos, então tinha que ser assim”, declara Paula, agora mãe de seis. Agora, Paula aprende diariamente com os filhos a ser mãe. Nenhuma adaptação foi instantânea, mas com paciência e cuidado, todos vão se fazendo parte cada dia mais. A frase “quando nasce um filho, nasce uma mãe”, nem sempre é verdade, mas ela conta facilmente a experiência de Paula. ‘A gente só aprende na prática. E todo dia é um dia novo de aprendizado”, desabafa.
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