CPMI de 8 de janeiro: PT e PL assumem estratégias e indicam titulares em meio à indefinição de outras siglas

fachada senado Foto Leonardo Sa Agencia Senado

Enquanto não iniciam os trabalhos na Comissão Parlamentar Mista de Investigação (CPMI) que vai apurar as circunstâncias envolvendo os atos golpistas de 8 de janeiro, governo e oposição se articulam para tentar garantir maioria entre os parlamentares que vão compor o colegiado.

A comissão contará com a participação de 32 parlamentares, sendo 16 senadores e 16 deputados federais e igual número de suplentes de cada casa legislativa. O preenchimento dos lugares obedece critérios de proporcionalidade seguindo o regimento interno de cada Casa Legislativa. Até a tarde desta sexta-feira (12), pouco mais de 1/3 das vagas tinham sido definidas pelos partidos e blocos parlamentares, a maioria na Câmara dos Deputados.

Pelo lado governista, que passou a apoiar a formação da CPMI após o vazamento das imagens do Planalto que mostravam o então ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general da reserva Gonçalves Dias, interagindo com golpistas, a federação PT/PCdoB/PV tem os deputados Rubens Pereira Jr (PT-MA), Rogério Correia (PT-MG) e Jandira Feghali (PCdoB-RJ) entre os titulares.

Na suplência estão Arlindo Chinaglia (PT-SP), Carlos Veras (PT-PE) e Delegada Adriana Accorsi (PT-GO). A federação PSOL/Rede indicou Erika Hilton (PSOL-SP) como titular e Henrique Vieira (PSOL-RJ) como suplente.

A tendência é que a oposição seja capitaneada pelo PL, sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro. Para tentar controlar a atenção da opinião pública, o partido escalou nomes conhecidos por priorizar o debate ideológico. São eles: Delegado Ramagem (PL-RJ), André Fernandes (PL-CE), autor do requerimento, e Filipe Barros (PL-PR).

Como suplentes, além de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, estão os deputados Marco Feliciano (PL-SP) e Nikolas Ferreira (PL-MG), todos com perfis muito ativos nas redes sociais. Ainda pelo lado contrário ao governo, o representante do Podemos será o deputado Rodrigo Gambale (SP), que terá como suplente o vice-líder da oposição Maurício Marcon (RS).

A participação da bancada do Novo ainda é uma incógnita. Após receber sinal vermelho do Congresso Nacional, o partido entrou com um mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF) e aguarda decisão judicial.

A ação foi distribuída para a relatoria do ministro Luís Roberto Barroso, que encaminhou para que os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), se pronunciem.

Na petição em que reivindica seu espaço na comissão, a legenda destacou precedente observado na composição da Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização, e também na Comissão Mista da Medida Provisória nº. 1.165/2023. Em ambos colegiados, o partido se faz presente por meio de “vagas de rodízio” em que se revezam as bancadas minoritárias.

Indefinição no Senado

Se na Câmara, o “placar” anda equilibrado, no Senado o cenário ainda é de incerteza, com os blocos partidários deixando a definição para o momento final.

Na semana passada, na mesma decisão em que indeferiu a questão de ordem que requeria a participação do Novo, Pacheco, negou pedido de Rogério Marinho (PL-RN) e reafirmou que o cálculo de proporcionalidade para fixar a quantidade de parlamentares por partido teria como referência a composição dos blocos partidários em 26 de abril, data da leitura do requerimento de abertura da CPMI.

Com o gesto, Pacheco na prática legitimou manobra realizada pelo líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que de última hora fez a migração de sua legenda para outro bloco, como forma de garantir um lugar a mais para os governistas.

Nas duas casas legislativas, o fiel da balança na composição da CPMI pode ser o União Brasil, partido que tem sua gênese na fusão dos antigos PSL e Democratas. A sigla, que ocupa três ministérios do governo Lula mas tem se queixado de problemas de interlocução com o Executivo, terá como titulares Davi Alcolumbre (AP) e Soraya Thronicke (MS).

Para a suplência, foram escalados Sergio Moro (PR) e Professora Dorinha (TO). Se confirmada essa formação, as discussões travadas na CPMI podem fazer o partido assumir papéis antagônicos, já que os nomeados possuem perfis distintos.

Bastante atuantes junto ao eleitorado nas redes sociais, nomes como de Randolfe e Marcos do Val (Podemos-ES) – que tem adotado uma postura crítica à gestão de crise feita sobretudo pelo ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), na tarde das invasões dos vândalos aos prédios públicos em 8 de janeiro – são dados como certos, mas até o momento não estão confirmados.

Entre os apoiadores do governo no Senado Federal, somente o nome de Ana Paula Lobato (PSB-MA) estava definido até a publicação desta reportagem. Há expectativa para a formação de uma “tropa de choque”, como forma de criar uma contenção para o discurso bolsonarista, que tenta responsabilizar Lula e seus ministros pelos atos de vandalismo ocorridos na capital federal em 8 de janeiro.

CPMI de 8 de janeiro: PT e PL assumem estratégias e indicam titulares em meio à indefinição de outras siglas appeared first on InfoMoney.

luispereira

luispereira