Médico alvo da PF por fraude em cartão de vacinação da esposa de Mauro Cid pediu documento em branco, diz enfermeira em branco, diz enfermeira

Cid e Bolsonaro

Registros de conversas feitas por aplicativo de mensagem mostram que o médico Farley de Alcântara pediu à enfermeira Dzirrê de Almeida Gonçalves um cartão de vacinação em branco no dia 26 de novembro de 2021.  Atualmente Farley é um dos alvos da investigação da Polícia Federal que apura fraude no cartão de vacinação de Grabriela Santiago Cid, esposa do ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o tenente-coronel do Exército Mauro Cid.

Farley é acusado de escrever informações falsas à mão em um cartão de vacinação, a partir de dados de imunização de outra pessoa. Inicialmente, a fraude teria intuito de beneficiar Gabriela Santiago Cid. Os agentes dizem que Farley havia alertado os envolvidos que o sistema de saúde do Rio de Janeiro não aceitaria a inclusão de vacinação supostamente ocorrida em outro estado. O fato motivou o grupo a buscar um lote de vacinas enviado para Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.

No diálogo com Dzirrê, o médico, que trabalhava como plantonista no Hospital Municipal de Cabeceiras (GO), não explica o motivo pelo qual precisaria do documento em branco e a enfermeira responde que não havia comprovantes de vacinação disponíveis na unidade de saúde onde trabalhava.

A apuração da PF aponta que, 15 dias antes da conversa Farley havia obtido um cartão de vacinação de outra pessoa que havia se imunizado com duas aplicações da vacina contra a Covid, com a dose de reforço sendo aplicada pela enfermeira Dzirrê de Almeida Gonçalves.

Na decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou a operação da PF, há a informação de que “diante da dificuldade de inserir os citados dados no sistema de saúde do Rio de Janeiro, Farley, posteriormente, teria fornecido cartão de vacinação em branco para preenchimento com dados relativos ao Rio de Janeiro, a fim de possibilitar o registro no sistema”.

A investigação realizada no âmbito da operação Venire, deflagrada na última semana pela PF com mandados de prisão e de busca e apreensão em Brasília e no Rio de Janeiro, ainda não tem a confirmação da origem do documento utilizado para lançar as duas doses de vacinação de Gabriela Santiago Ribeiro Cid, esposa de Mauro Cid.

Farley Vinícius Alencar de Alcântara é sobrinho do sargento do Exército Luís Marcos dos Reis, ex-integrante da equipe de Mauro Cid, ambos presos na última quarta-feira (3). De acordo com as investigações, eles “praticaram o delito de falsidade ideológica, ao inserirem declaração falsa de vacinação contra o COVID-19 em documento público”.

O município de Cabeceiras, onde Farley trabalhou até dezembro de 2021, abriu um procedimento administrativo para investigar o caso e descobrir se o médico teve ajuda de mais algum servidor para praticar o delito. A enfermeira Dzirrê de Almeida Gonçalves já prestou depoimento nesse processo administrativo e negou qualquer envolvimento no esquema de fraude.

O espaço desta reportagem está aberto para manifestações dos envolvidos.

Ex-ajudante de ordens preso

Mauro Cid está preso desde o dia 3 de maio, quando a PF deflagrou a operação Venire, para apurar a atuação de suposta associação criminosa na inserção de dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde, enquanto sustentava publicamente o discurso contrário à imunização, amparado em viés ideológico.

Na ação também foram presos o policial militar Max Guilherme e o militar do Exército Sérgio Cordeiro, que atuaram na segurança presidencial durante o mandato de Bolsonaro, e João Carlos de Sousa Brecha, secretário municipal de Governo de Duque de Caxias (RJ). O ex-presidente Jair Bolsonaro não foi alvo direto da operação. Ele teve o celular apreendido e recolhido para ser periciado na investigação.

O nome da operação deriva do princípio “Venire contra factum proprium” − ou seja, “vir contra seus próprios atos”. Os agentes suspeitam que os registros de vacinação de Bolsonaro, Cid e da filha mais nova do ex-presidente, Laura, hoje com 12 anos, teriam sido falsificados.

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luispereira

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