Alberto Fernández desiste de disputar a reeleição à presidência da Argentina

Alberto Fernandez

(Bloomberg) – O presidente da Argentina, Alberto Fernández, disse que não concorrerá à reeleição enquanto o país enfrenta uma inflação de mais de 100%, abrindo a corrida dentro da coalizão peronista governista para escolher um candidato antes do pleito de outubro.

“Em 10 de dezembro de 2023, 40 anos após o retorno do país à democracia, entregarei a faixa presidencial a quem for legitimamente eleito nas urnas pelo voto popular”, disse Fernández em um vídeo publicado nesta sexta-feira (21) em sua conta no Twitter.

Embora não seja surpreendente, em meio à queda na popularidade do governo, o anúncio de Fernández abre as portas para que a coalizão governista de esquerda da Argentina decida sobre outro candidato em meio a intensas disputas internas.

A inflação anual atingiu 104% em março e a economia, já propensa a crises, também enfrenta uma seca histórica e diminuição das reservas internacionais, levando o governo a tentar renegociar seu programa de empréstimos de US$ 44 bilhões com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

“A decisão de Fernández veio antes do esperado”, disse Ignacio Labaqui, analista da Medley Global Advisors em Buenos Aires. “Ninguém realmente acreditava que ele tivesse qualquer chance de buscar outro mandato.”

Investidores internacionais já estão se posicionando na expectativa de que os eleitores ataquem a coalizão de esquerda de Fernández nas eleições de outubro, apostando entre a Argentina eleger um governo favorável ao mercado ou um político “outsider” movido pela raiva para trazer a economia de volta, depois da crise.

Os US$ 16,1 bilhões da Argentina em títulos estrangeiros com vencimento em 2030 subiram 0,7 centavo na sexta-feira, para cerca de 25 centavos de dólar.

As pesquisas mostraram que o índice de aprovação de Fernández caiu para menos de 20% no início deste ano, com quase 40% do país vivendo na pobreza e expectativas de outra recessão este ano. Seu governo enfrentou um revés após o outro – desde a pandemia de Covid-19, que matou 130.000 argentinos, até os efeitos em cascata da invasão da Ucrânia pela Rússia, seguida pela pior seca já registrada no país.

Além das questões internacionais, os problemas domésticos também afetaram o mandato de Fernández. Sua ampla coalizão peronista sofreu intensas brigas políticas entre ele e a vice-presidente, Cristina Kirchner, sobre estratégia econômica, quase desde sua posse em 2019. O governo nunca apresentou um plano econômico visto como crível pelos mercados.

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