Primeira produção da João Pessoa Film Comission, “Juventude Vendida” lança um alerta sobre a exploração sexual de crianças e adolescentes

Ficção mostra nascimento de uma relação paternal em meio a um cenário de embrutecimento do ser humano

“Juventude Vendida” é a primeira produção da João Pessoa Comission Film, vinculada à Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope) com produção da Idé Productions, de São Luís (MA), e coprodução da produtora paraibana Mills Audiovisual de Comunicação. A obra conta a história de um encontro e da difícil construção de laços de solidariedade e afeto entre duas almas perdidas num mundo violento. O caminhoneiro Jorge é atormentado pela perda precoce de sua esposa, e a adolescente Cauane luta para sobreviver trocando dinheiro por sexo, pelas estradas do interior.

A mensagem do filme é mostra um cenário de exploração sexual na infância e na adolescência, a ponto de sensibilizar as pessoas quanto a denunciarem e a serem intolerantes frente a esse grave problema social. “Queremos realmente conscientizar para combater a exploração sexual da criança”, explica Christian Dellon, produtor executivo da série. Dellon conta que a ideia do projeto de “Juventude Vendida” surgiu inspirada em uma premiada série de reportagens produzida e veiculada pela TV Correio, com o mesmo nome. “A forma como esse tema vem sendo tratado é muito factual, mais jornalística do que ficção. Então decidimos lançar mão dessa obra nesse formato, exatamente porque achamos que assim existe um potencial de sensibilidade, de engajar muito mais do que mais uma matéria na imprensa. Procuramos fugir do ‘mais do mesmo’”, acrescenta.

A escolha de transformar uma questão tão delicada em uma ficção também foi pensada como forma de alcançar um público maior. “Está no nosso DNA enfrentar essas questões sociais, sobretudo temas relevantes como as relacionadas a cor e raça, dos povos originários e agora da infância e adolescência”, destaca Christian.

Economia local – Um dos pontos fortes da iniciativa da Funjope por meio da Film Comission é contribuir para o desenvolvimento e o fortalecimento do audiovisual de João Pessoa – o que projeta a cidade para o mercado. “A cidade acaba também sendo exposta de forma positiva, mostrando seus cenários, arquitetura e potencial turístico”, conta.

A proposta é contratar um elenco praticamente todo paraibano, reconhecendo a qualidade dos artistas locais e também como forma de dar uma contrapartida da produtora. Segundo a Prefeitura de João Pessoa, o trabalho vai movimentar cerca de 50 profissionais da capital paraibana, e 95% das pessoas que vão trabalhar na série são da cidade, envolvendo atores, produtores e técnicos. “Juventude Vendida” terá a TV Correio como primeira janela de exibição e depois seguirá para o circuito nacional. A produção deve injetar diretamente R$ 1,2 milhão na economia local. “Como os conteúdos, de modo geral, estão muito concentrados no eixo Rio-São Paulo, enxergamos nessas iniciativas de TVs regionais uma oportunidade de desenvolver a grade e também de entrar nesse mercado de produção de conteúdo em cinema”, comenta Christian.

A obra será lançada no segundo semestre deste ano.

Sinopse – Jorge, caminhoneiro endurecido pela vida, encontra, num posto de beira de estrada, Cauane, uma prostituta adolescente. O que se insinuava como um programa rápido, típico daquele ambiente, sem maiores perguntas sobre a idade da menina ou sobre qualquer outra coisa, se desdobra numa imprevisível e ambígua aproximação. Frente à ameaça de um brutamontes, Jorge se vê fazendo um surpreendente gesto de proteção, que o enreda na perseguição à Cauane, fugitiva de uma festa pouco familiar e brutal de poderosos locais. Mais importante que a fuga pela estrada, entretanto, é a jornada afetiva percorrida pela dupla. Entre o convívio na boleia de Jorge e emergência de seus passados – de exploração e humilhação desde a tenra infância, no caso dela, e de sofrimento e perda dos laços familiares, no caso dele – eles viverão uma transformação profunda deles próprios e da relação que os une: da tentativa frustrada do sexo vivido como comércio e exploração a um difícil e inesperado vínculo paternal. Uma aposta na imponderável reinvenção da vida pelo encontro, uma resposta à violenta reiteração da solidão e da morte.

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