Quem é o ‘Vidente das Copas’, que chutou e acertou os últimos três campeões e aposta no Brasil hexa em 2022


Michael Bruno, paraibano de 39 anos, também é professor de mídias digitais, agente de turismo e músico. Michael Bruno, o 'Vidente das Copas', também é professor Reprodução/Facebook O "Vidente das Copas", Michael Bruno, que chutou os resultados e acertou os palpites de quem seriam as últimas três seleções campeãs mundiais, e ainda profetiza que o Brasil vai ser hexa na Copa do Mundo do Catar, é um personagem pra lá de diferente. Natural de Campina Grande e atualmente morando na cidade de Barra de São Miguel, no Agreste da Paraíba, ele também é professor de mídias digitais no ensino fundamental, agente de turismo e músico. Os palpites de Michael começaram em 2010, quando ele acertou que a campeã seria a Espanha, mas, como ele não tinha perfil no Facebook na época, não há registros. Depois disso, passou a registrar as "previsões" nas redes sociais com cerca de um ano de antecedência, quando acertou as vitórias da Alemanhã em 2014 e da França em 2018. Autointitulado "Vidente das Copas", ele baseia seus palpites em acontecimentos políticos e sociais dos países e garante que as "previsões" são análises aprofundada dos fenômenos sociais de cada nação. Apesar de não costumar cravar outras configurações da Copa do Mundo, como vice-campeões ou classificados em outras fases do campeonato, ele tem acertado na mosca os grandes vencedores usando essa "técnica". Previsão sobre o título da Alemanha, na Copa de 2014, feita por Michael Bruno, no Facebook, ainda em 2013 Reprodução / Facebook Postagem de Michael Bruno no Facebook, em fevereiro de 2017, prevendo o título da França na Copa de 2018 Reprodução / Facebook Previsão de Michael Bruno, ainda em fevereiro de 2019, sobre o Brasil vir a ser o campeão no Catar Reprodução / Facebook Ao g1, Michael Bruno falou sobre sua trajetória de vida, suas profissões e o hobby que o tornou nacionalmente conhecido: fazer previsões da maior competição esportiva do planeta. O começo de tudo Nascido em 1983, em Campina Grande, Michael conta que foi criado por sua mãe dentro da Feira Central da cidade, e desde cedo prendeu a ler com os gibis, em uma banca que vendia revistas usadas. "Como eu não tinha dinheiro o dono da banca sempre deixava eu folhear, mas de brincadeira me chamava de 'sem futuro', porque raramente eu comprava alguma coisa. Em um dos clássicos que eu lia, de Carl Barks, uma reedição da história de Tio Patinhas, "Only a Poor Old Man", eu aprendi as primeiras palavras em inglês". O contato com obras estrangeiras não se restringiu a somente literatura para Michael, mas também se estendeu as músicas, o que acabou por ajudar também em uma paixão que foi crescendo desde criança. "Eu aprendi as primeiras palavras em inglês, assim como aprendi a pronunciar, ouvindo músicas nos antigos LP's, acompanhando as letras dos encartes, dentre os artistas que na época aprendi, eram o A-Ha, Madonna, Michael Jackson e uma banda chamada Information Society, esses eram os vinis que minha mãe tinha em casa", disse. Muito apegado à mãe, Janaína Maria Souto, Michael conta que ela teve papel preponderante para sua formação cultural e intelectual. "Minha mãe era feirante, empreendedora, aos 22 anos se engajou nos movimentos políticos e sociais da cidade, tendo feito a casa onde a gente morava como um comitê, do PCdoB. Eu nasci na maternidade Elpidio de Almeida, bem ao lado da feira central. A minha vida era a feira. Amava os tocadores de viola que todos os sábados iam entoar seus versos na feira de fumo, vizinho a feira de flores, gostava da melodia e do improviso deles, gostava também quando o famoso 'Homem da Cobra' ia vender seus produtos fitoterápicos de origem duvidosa, sempre lia os cordéis de seu João da Mulatinha, passeava pela feira toda, sentindo os sabores, odores e o calor humano do nosso povo". Michael Bruno em seu aniversário de 13 anos, em 1996 Michael Bruno/Arquivo pessoal 'A viagem que mudou minha vida' Michael Bruno conta que após terminar o ensino médio e, antes, passar por poucas e boas no ensino fundamental, tendo inclusive repetindo de série uma vez, teve que sair de Campina Grande rumo a São Paulo, junto de sua família, para ganhar a vida, e nessa viagem tudo mudou, inclusive o destino final. "Saímos de Campina Grande rumo a São Paulo numa viagem entre caronas e caminhadas a pé, porque minha mãe havia se tornado artesã, e saímos da cidade por conta da grave crise econômica da época, onde uma mãe solteira não estava dando conta de uma casa e três filhos sozinha. Foi a viagem que mudou a história da minha vida, e a forma como enxergo o mundo. Passamos por muitos maus bocados durante a jornada entre Campina Grande e o destino final, que não seria mais São Paulo, coisa que decidimos na cidade de Lagarto, em Sergipe". Tendo passado por diversas cidades, de vários estados, chegando até a ir para Brasília, a família retornou à Paraíba e, em 2004, passou a morar no bairro São José, em um terreno onde havia construída uma casa de taipa, de um índio, onde Michael Bruno viveu. "Lá construímos barracos e morei em um deles até o ano de 2004, quando retornei pra Campina, entre idas e vindas de João Pessoa". A música Michael Bruno fundou a primeira banda de rock gótico na Paraíba Reprodução/Arquivo Pessoal Sua paixão pela música foi crescendo ao longo dos anos e, aos poucos, ele também foi tentando aprender instrumentos e soltar a voz, e o rock teve papel fundamental nesse desenvolvimento artístico. "Em 2005, tive a brilhante ideia de criar um projeto musical de rock gótico, que vem a ser um subgênero, derivado de gêneros como o pós-punk, inspirado em bandas como Joy Division, Bauhaus, Sisters Of Mercy, etc. Como eu já tinha toda uma bagagem cultural e musical, fui encontrando um tipo de identidade, dentro das minhas referências. Lembro que comecei a gostar de rock quando uma amiga de minha mãe cuidava de mim, aos 4 anos eu só dormia na rede, e ela tinha que me balançar cantando "Cowboy Fora Da Lei" do Raul Seixas. Na minha adolescência, aos 13 anos, descobri a banda The Cure, durante uma matéria na TV Cultura. A partir dali pesquisei em revistas conhecidas de música, e encontrei não só a The Cure como outras bandas parecidas. Carrego esse gosto musical até hoje, apesar de ser eclético, então em meados de abril de 2005 estava criada a banda Orquídeas Francesas, primeira banda gótica da Paraiba", ressaltou. Michael Bruno falou sobre a trajetória do grupo, que rodou o Nordeste se apresentando. "Nossa primeira apresentação foi num evento chamado 'Subterrâneo Gothic Rave', em 15/07/2006, depois disso tocamos em Fortaleza-CE com a famosa banda de Darkwave Plastique Noir, e ainda tocamos outras vezes em Recife, Salvador, Natal, Alagoa Grande, e outras tantas vezes em Campina Grande". "Também atuei como produtor cultural, realizando eventos colaborativos, que estavam em alta entre 2010 a 2014, e criei um coletivo chamado 'Coletivo Rockstronxo', onde realizamos alguns eventos de pequeno porte direcionados ao público underground em Campina Grande. Também fiz parte do conselho municipal de cultura de Campina Grande durante as gestões de Marlene Alves e Lula Cabral", contou. Michael Bruno, o 'Vidente das Copas', tem relação íntima com a música Michael Bruno/Arquivo pessoal Profissões Além de seus gostos músicas, Michael Bruno também é agente de turismo, outra de suas várias especialidades dentre tantas profissões. "Em 2018, eu comecei a trabalhar com turismo em João Pessoa, vendendo passeios turísticos locais, como as piscinas naturais do Seixas, Picãozinho, litoral Sul, litoral Norte. Na época eu morava no bairro de Tambaú, bem próximo ao trabalho, mas a coisa ficou insustentável depois de um inverno rigoroso no ano de 2019. Então, decidi viver uma vida de quase cigano, me mudando para Barra de São Miguel e vindo para João Pessoa trabalhar". Por último, à essa altura o já "Vidente das Copas", começou a se aventurar também como professor, desta vez ensinando jovens no ensino fundamental. "No começo de 2022, recebi uma proposta da secretária de educação de Barra de São Miguel, para integrar uma equipe de cinco professores de uma matéria chamada mídias digitais, onde estou até hoje. No caso, trabalho como contratado, mas pretendo fazer o próximo concurso público, e me estabelecer de vez em Barra de São Miguel. No momento eu vendo meus pacotes de passeio apenas pela Internet", contou. Palpites políticos Além de ser o "Vidente das Copas", Michael Bruno afirmou também em conversa com o g1 que tem alto índice de acerto em suas previsões para eleições políticas, seja para governador, presidente e outros cargos. "Já acertei governador, prefeito, presidente e governador. Entre erros e acertos, calculo que ao todo acertei 70%", ressaltou. Brasil hexa em 2022 e penta em 2002 Torcedor do Campinense e do Palmeiras, antes de afirmar que o hexa vai se concretizar na disputa desta Copa do Mundo em 2022, no Catar, Michael Bruno já se aventurava a fazer suas previsões há 20 anos, ano do penta da Seleção Brasileira, na Coreia do Sul e no Japão. "Tudo começou em 2002, quando eu estava trabalhando no Espaço Cultural José Lins do Rego, no Fenart, onde eu afirmei que a final da Copa naquela ocasião seriam Brasil e Alemanha, pelo fato de nunca terem se enfrentado antes na história das Copas do mundo. Só não falei quem seria o vencedor, deixei em aberto", disse. Desde então, ele não parou mais, acertando a Espanha vencedora do mundial de 2010, Alemanha em 2014 e, por fim, França em 2018. O próximo acerto, quem sabe, pode ser o mais comemorado de todos, nessa trajetória. *Sob supervisão de Krys Carneiro Vídeos mais assistidos do g1 Paraíba
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