Bancos, estatais, saúde e educação: os setores da Bolsa que podem ser beneficiados pelo pacote da Fazenda

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Analistas avaliam quais setores da Bolsa devem ser impactados pelo conjunto de 13 medidas anunciadas hoje pelo Ministério da Fazenda, com objetivo de estimular crédito e ampliar parcerias público-privada (PPP). De acordo com as primeiras impressões, bancos, estatais, empresas do setor de saúde e educação devem se beneficiar com o pacote.

Entre as medidas, estão as que envolvem simplificação e desburocratização do crédito, acesso a dados fiscais, autorização para criação do real digital, aprimoramento de regimes de resolução bancária, e alteração na atual regulamentação da Lei do Superendividamento.

“A nosso ver, o Ministério da Fazenda identificou temas específicos que podem não apenas destravar a originação de crédito, desburocratizando o mercado de capitais, que se agravou no 1T23, mas também tentará reduzir os spreads por meio de melhor acesso a dados, maiores qualidades das garantias e maior competitividade”, aponta o Bradesco BBI.

Para o Itaú BBA, as medidas devem trazer alívio para empresas com maior endividamento, com as companhias podendo ganhar tempo para que elas possam fazer a gestão de seus passivos de forma adequada. “Provavelmente significará melhor acesso ao crédito, juros mais baratos e condições mais fáceis de renegociação de dívidas”.

Pedro Canto, analista da CM Capital, diz que além da ampliação do crédito, outros benefícios são a redução dos custos operacionais, da inadimplência e de taxas de juros do crédito final ao consumidor.

“Estas medidas, naturalmente, beneficiam o setor bancário. Com uma menor inadimplência, os bancos precisam destinar uma parcela menor para provisões, o que melhora o seu balanço e aumenta o seu lucro líquido”, afirma Canto.

Segundo ele, o mercado de crédito menos restritivo tem potencial para aumentar a parcela de consumo do PIB. No entanto, o analista lembra que o setor de consumo e varejo na Bolsa ainda está sofrendo com a volatilidade da curva de juros e inspira cautela.

Emissão de debêntures com isenção de IR

Os agentes do mercado avaliam que isentar de Imposto de Renda (IR) as emissões de debêntures para investimentos nos setores de educação, saúde e segurança pública é positivo para destravar valor nestas áreas.

Atualmente, a isenção já existe em emissões para financiar projetos de geração e transmissão de energia, construção de rodovias, ferrovias e saneamento básico. Assim, estes novos setores abordados podem ser amplamente beneficiados.

“Em Bolsa, os setores educacional e de saúde foram muito castigados recentemente e podem ter dias melhores com as medidas”, diz Canto.

De acordo com o analistas, as novas medidas reduzem a percepção de risco e tornam os projetos mais atrativos, pois diminuem o custo de capital e melhoram sua viabilidade econômica.

Minoritários mais protegidos

O governo deve apresentar um projeto de lei para dar mais proteção aos acionistas minoritários das empresas. A ideia é que o mecanismo crie mais condições para que esses investidores acionem a Justiça em casos no qual o controlador causa prejuízo ao negócio. O governo entende que ao dar proteção adequada ao minoritário vai atrair mais financiamento para o mercado de capitais.

Para os analistas, essa medida tem potencial positivo para empresas estatais.

“Com regras mais rigorosas contra a ingerência política, boa parte do risco do controlador que paira sobre Petrobras (PETR3;PETR4) e Banco do Brasil (BBAS3) pode ser mitigado, beneficiando a performance das ações e melhorando o seu valuation“, afirma Canto, da CM Capital. Isso em um contexto de maior temor recente do mercado com eventuais mudanças na Lei das Estatais.

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Mitchel Diniz

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