Polícia Civil da Paraíba desarticula esquema de fraudes em diplomas de mestrado e doutorado; professores eram vítimas
A Polícia Civil da Paraíba deflagrou, nesta quinta-feira (30), a operação “Blekkt”, que investiga um esquema criminoso de oferta fraudulenta de cursos de mestrado e doutorado em educação. A investigação revelou a emissão de diplomas falsos em nome de universidades brasileiras, causando prejuízo superior a R$ 2,4 milhões a professores da rede municipal e estadual de ensino.
A ação cumpre mandados de busca e apreensão em Campina Grande (PB) e no Espírito Santo. Em Campina Grande, as buscas ocorrem na sede da empresa investigada e na residência do líder da suposta organização criminosa, que utilizava a empresa para conferir aparência de legalidade aos cursos. No Espírito Santo, os mandados atingem um operador do esquema, que teria a responsabilidade de falsificar os diplomas sob a alegação de que os documentos passariam por um processo inexistente de revalidação de diploma estrangeiro.
Os cursos eram supostamente promovidos pela “Universidad Del Sol”, do Paraguai. No entanto, os diplomas emitidos não possuíam validade legal. Professores de diversas cidades paraibanas, como Barra de Santa Rosa, Damião, Cuité, Picuí, Sossego, Nova Palmeira, Pedra Lavrada e Frei Martinho, figuram entre as vítimas. O esquema também teria alcançado estados vizinhos, como Rio Grande do Norte e Pernambuco.
Segundo a Polícia Civil, mais de 80 professores foram lesados, e o número de vítimas pode ser ainda maior, já que a empresa investigada opera há mais de uma década nesse mercado. A fraude impactou não apenas os docentes, mas também o erário, uma vez que os diplomas falsos foram utilizados para progressões funcionais nos municípios e em secretarias estaduais de educação.
Universidades brasileiras também foram prejudicadas, pois os diplomas falsificados traziam seus nomes, logotipos e selos. Entre as instituições afetadas estão a Universidade Estadual de Londrina (PR), Universidade de Santa Cruz do Sul (RS), Universidade do Oeste Paulista (SP), Universidade Anhanguera (SP) e Universidade da Amazônia (AM).
O Tribunal de Justiça da Paraíba determinou o sequestro de bens e valores dos investigados até o montante do prejuízo estimado, além da suspensão das atividades das empresas envolvidas. Também foram aplicadas medidas cautelares, como a entrega de passaportes dos suspeitos.
O nome da operação, “Blekkt”, faz referência ao termo “enganados”, em alusão aos professores vítimas do golpe.