De ‘Tropeiros da Borborema’ a ‘Capital Mundial do Forró’: conheça músicas sobre Campina Grande


Várias composições citam e homenageiam Campina Grande, que completa 159 anos de emancipação política nesta quarta-feira (11). Parque do Povo na noite de abertura do São João 2023 de Campina Grande Divulgação Poucas são as cidades tão mencionadas por ícones da música nordestina quanto Campina Grande, no Agreste da Paraíba. Conhecida como Rainha da Borborema, sede da maior festa junina do mundo, a cidade comemora 159 anos de emancipação política nesta quinta-feira (11), e atinge a marca com diversas homenagens musicais. Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Telegram Campina Grande é berço de tecnologia, inovação e muita cultura. A cidade recebeu e apresentou ao mundo artistas como a pernambucana Marinês e diversos outros nomes da música. E o acolhimento famoso pelos relatos dos turistas que passam pela Rainha da Borborema também foi cantado em composições que atravessam décadas. O g1 listou mais de 15 canções que homenageiam, mencionam ou se inspiram em Campina Grande em suas melodias e letras (confira abaixo). As composições são assinadas por nomes como Rosil Cavalcanti, Zito Borborema e Jackson do Pandeiro, e ficaram conhecidas em vozes como a de Luiz Gonzaga. LISTA DE MÚSICAS SOBRE CAMPINA GRANDE Entre as músicas mais conhecidas está 'Alô Campina Grande', de Severino Ramos, ritmada pelo pandeiro de José Gomes Filho, o Jackson do Pandeiro. Quando se trata de Jackson e Campina Grande, inclusive, a lista de citações é extensa: a cidade foi a mais mencionada na obra do músico, que a homenageou com a música 'Forró em Campina', sua única canção autobiográfica, segundo Fernando Moura, autor do livro 'Jackson de A a Z'. Fernando Moura afirma que a relação de Jackson com Campina Grande foi intensa e refletiu em sua obra. “A relação de Jackson com Campina Grande era tão intensa que a única música autobiográfica que ele fez, de autoria apenas dele, é sobre a cidade. E isso não é por acaso, aconteceu porque ele teve sua formação de vida e artística em Campina Grande. Foi na cidade onde ele começou a tocar pandeiro, onde começaram a chamá-lo de ‘Jack do Pandeiro’... Foi Campina Grande que deu a régua e o compasso a Jackson”, explicou. LEIA TAMBÉM: JACKSON DO PANDEIRO: primeira gravação do 'Rei do Ritmo' completa 70 anos Jackson do Pandeiro e Luiz Gonzaga são homenageados no monumento Farra de Bodega, às margens do Açude Velho Gustavo Xavier/TV Paraíba Bairros e personagens Em 'Forró Em Campina', Jackson lembra do “tempo de criança” com emoção, falando sobre personagens icônicos de sua história e dos bairros da Rainha da Borborema onde não nasceu, mas viveu durante anos (leia um trecho abaixo). “Me lembro de Maria Pororoca De Josefa Triburtino, e de Carminha Vilar. Bodocongó, Alto Branco e Zé Pinheiro Aprendi tocar pandeiro nos forrós de lá”. A cidade retribuiu Jackson com diversas ações, como com o Monumento Farra da Bodega (veja na imagem acima), que retrata Jackson com Luiz Gonzaga às margens do Açude Velho, onde há também o Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP), conhecido como “Museu dos Três Pandeiros” em referência ao artista. MAPP sediou exposição em comemoração aos 100 anos de Jackson do Pandeiro Divulgação/MAPP UEPB 'Forró de Zé Lagoa', de Rosil Cavalcanti e cantada por Jackson, também menciona bairros de Campina. Em 'Bodocongó', de Cícero Nunes e Humberto Teixeira, as peculiaridades da localidade icônica são apresentadas e até hoje ecoadas em vozes como a de Elba Ramalho. Homenagens musicais históricas Também foi através da música que Campina Grande recebeu homenagens históricas. 'Tropeiros da Borborema', de Rosil Cavalcanti e Raymundo Asfora, interpretada por Luiz Gonzaga, foi divulgada em comemoração ao centenário da cidade, na década de 1960. Rosil Cavalcanti, um dos maiores compositores da música nordestina, ficou conhecido também pela dupla 'Café com Leite', que formou com Jackson do Pandeiro. Jackson e Rosil Cavalcanti formavam a dupla 'Café com Leite' Divulgação Rômulo Nóbrega, biógrafo de Rosil Cavalcanti e autor do livro 'Pra Dançar e Xaxar na Paraíba: Andanças de Rosil Cavalcanti', explica que o compositor fez a melodia de 'Tropeiros da Borborema', que foi escrita por Asfora. Ocupado com suas atividades políticas, no entanto, Asfora não conseguiu registrar oficialmente a composição na época, mas Rosil nunca negou a parceria. Fato é que a música se tornou uma das mais emblemáticas da história da cidade, atravessando gerações com a letra que percorre a vida dos primeiros habitantes de Campina Grande, os tropeiros da Borborema (leia um trecho abaixo). “Riqueza da terra que tanto se expande E se hoje se chama de Campina Grande Foi grande por eles que foram os primeiros Ó tropas de burros, ó velhos tropeiros”. A relação de Rosil Cavalcanti com Campina Grande também era intensa. Ainda segundo Rômulo Nóbrega, o compositor foi morar na cidade na década de 1950, e desde então passou a ter Campina como sua mais especial casa. "Ele (Rosil) ficou em Campina até o falecimento dele, em 1968. A cidade foi um dos amores da vida dele. Quantas pessoas de fora que vêm pra Campina Grande e que amam a terra? Ela é composta por leais forasteiros, como Rosil", relatou. Monumento Os Pioneiros da Borborema homenageia as figuras do índio, da catadora de algodão e do tropeiro, considerados responsáveis pelo crescimento da cidade Gustavo Xavier / G1 Saudade de Campina Grande O aconchego oferecido aos que chegam em Campina Grande para realizar sonhos também foi cantado por Marinês, a Rainha do Xaxado. Pernambucana, foi na Paraíba que ela se encontrou, e na Rainha da Borborema viveu grandes momentos de sua carreira. No encarte 'Marinês Canta a Paraíba', produzido por Noaldo Ribeiro, a própria artista falou sobre sua relação com a cidade. "Fui direto pra Campina Grande. Foi lá que descobri a minha sina. Tal como pássaro, precisava compulsivamente de cantar, de cantar, de cantar... Não precisei ir muito longe. Na Liberdade, bairro em que morava, havia um serviço de alto-falante. Pois bem, foi lá, na difusora Voz da Democracia, que ousei soltar minha voz", relatou Marinês. Encarte "Marinês Canta a Paraíba", de Noaldo Ribeiro Reprodução Com a música 'Saudade de Campina Grande', de Rosil, Marinês levou a Rainha da Borborema para os grandes festivais que participou. "Tenho saudades de Campina Grande Da Lagoa dos Canários e do Zé Pinheiro Dos banhos do domingo no Bodocongó De Zacarias Cotó, banho do Louzeiro" São João 2023 de Campina Grande, na Paraíba Emanuel Tadeu/Divulgação São João de Campina Grande Além das homenagens feitas diretamente a Campina Grande, várias músicas também mencionam a festa de São João realizada na cidade, que em 2023 completou 40 anos de existência e é conhecido como ‘O Maior São João do Mundo’. Genival Lacerda, um dos ícones campinenses e da música nordestina, canta 'São João de Campina', uma composição de Biliu de Campina, num disco gravado em 1989. A letra convida as pessoas a conhecerem a festa (leia um trecho abaixo). “Quem ainda não conhece / O São João de Campina Forrozando e refugando / Ninguém para de brincar Venham já pra ver / Dentro dos olhos da menina Que fogo de nordestina / Ninguém pode apagar” Genival Lacerda em foto de maio de 2004 Alexandre Belém/JC Imagem/Estadão Conteúdo/Arquivo Foi também na década de 80, mais precisamente em 1985, que Capilé compôs a música tema do São João de Campina Grande, 'Capital Mundial do Forró'. Capilé cantou a música pela primeira vez na festa em cima de um caminhão, e assim viveu seu primeiro show no Maior São João do Mundo (leia um trecho abaixo). “Campina Grande agora é Capital mundial do forró Sanfona, zabumba, triângulo Animando a festa Todo mundo dança Mesmo numa perna só” Em entrevista concedida ao g1 em junho deste ano, período junino que marcou a edição número 40 do evento, Capilé relatou que viveu um momento de muita felicidade ao cantar para o primeiro público do São João de Campina Grande. “Botou um caminhão e alguma coisa de prêmio. Cheguei, tocamos uns 20 minutos e toquei aquela música ‘Capital Mundial do Forró’. Voltei para casa dentro do ônibus na maior felicidade do mundo”, diz. Capilé com o disco do São João de Campina Grande, de 1983 Arquivo Pessoal/Capilé Também na década de 1980, Capilé e Kaká Teixeira criaram um jingle publicitário que voltou a ocupar espaço afetivo no coração da cidade. 'Xote, xaxado e baião' foi escrito para a campanha de divulgação do São João em meados de 1988 e virou hit entre os moradores da cidade e turistas. Anualmente a melodia volta a ecoar nas TVs, rádios e demais meios que anunciam a chegada d’O Maior São João do Mundo (leia um trecho abaixo). "É Xote, xaxado, baião, milho verde / É São João em Campina Trinta dias de festa / Que ninguém imagina Lá no Parque do Povo / Uma emoção por segundo O Brasil vira forró / No Maior São João do Mundo” Este ano, Capilé regravou o jingle e o transformou em música, incluindo versos famosos de Biliu de Campina e do poeta Ronaldo Cunha Lima, que também homenageiam a cidade. A canção foi disponibilizada nas plataformas digitais. Capilé tem um disco em homenagem a Campina Grande. São 10 músicas, das quais cinco foram compostas por ele como forma de presentear sua cidade natal. Cidade que inicia mais um capítulo de sua história, com peculiaridades que, assim como nos últimos 159 anos, podem continuar alimentando muitas melodias. Vídeos mais assistidos do g1 Paraíba
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