Revista NORDESTE: Vinícola no Alto Sertão da Paraíba se torna possível com irrigação e tecnologia
A Revista NORDESTE aborda a mais nova vinícola em Sousa, no Alto Sertão da Paraíba, que consolida antigo sonho do paraibano ex-governador Antônio Mariz. A implantação ocorre atrés de médicos inovadores e atrai tecnologia de Petrolina, significando geração de novo patamar econômico e mercadológico no Sertão
Por Walter Santos com Wallyson Costa
O ex-governador da Paraíba Antônio Mariz conseguiu gerar as condições, em março de 1995, como gestor maior do estado, para implantar o famoso projeto de levar água do açude de Coremas para fertilizar as várzeas de Sousa, cuja ação se efetivou posteriormente, após sua morte, mas consolida em 2023 com o ousado projeto de Jarismar Segundo e Herta Sônia, da existência de produção de vinhos no município com padrão nacional e internacional.
O sonho de Mariz persiste pois sempre considerou as várzeas para se transformar em referência de produção agrícola.
Vinícola é lançada em pleno Sertão
Em 2023, a Vinícola Chateau HS surge como um projeto pioneiro e ambicioso em Sousa, no Sertão da Paraíba, trazendo consigo o espírito do enoturismo e a busca pela excelência na produção vinícola. Fundada pelo casal Jarismar Segundo e Herta Sônia. A vinícola promete introduzir os padrões de qualidade do renomado Vale do São Francisco em uma região de similar características climáticas.
O sonho de criar uma vinícola no Sertão da Paraíba ganhou força após uma entrevista do canal Vidarretada, de Roberta Formiga Vieira e José Vieira Neto, com José Figueiredo, o proprietário da Vinum Sancti Benedictus (VSB), situada no Vale do São Francisco.
A semelhança de solos, clima e índice pluviométrico entre as duas regiões impulsionou o casal Segundo e Sônia a embarcar nessa jornada.
CAUSA E EFEITO
“Nós somos amantes do vinho há um bom tempo. Dessa curiosidade pelo vinho começamos a fazer enoturismo. Começamos a andar o mundo, visitamos as principais áreas vinícolas da Itália, da França, Portugal, Uruguai sempre com o olhar do turista. Mas em uma visita em Bordeaux, vimos a enorme quantidade de vinícolas pequenas, a gente voltou da viagem pensando, por que que a gente não pode ter uma vinícola pequena? Pode ter, tem cervejaria artesanal, por que que não tem vinícolas artesanais? E tem, já existia, mas isso que foi que começou a martelar na cabeça da gente. O amor pelo vinho e essa curiosidade de saber como era produzido, e a coisa foi deslanchando de uma forma que hoje está se concretizando”, disse Jarismar.
PIONEIRISMO
A vinícola Chateau HS pode ser apontada como um projeto que abraça o pioneirismo. O plantio inicial de duas mil mudas de quatro variedades de uva – Malbec, Syrah, Touriga Nacional e Tannat – representa o primeiro passo concreto rumo à produção de vinhos finos na Paraíba.
Jarismar Segundo enfatizou, em entrevista ao Vidarretada, que a busca por trazer José Figueiredo, um produtor respeitado do Vale do São Francisco, foi fundamental para dar credibilidade ao projeto e garantir os altos padrões de qualidade.
“Figueiredo foi a chave para isso tudo se concretizar na verdade. Antes disso a chave foi um canal no YouTube chamado Vidarretada. Durante 15 dias eu estava vendo lá YouTube e de repente vi o canal de vocês e vi uma entrevista com Figueiredo que eu nunca tinha ouvido falar. Achei interessante, procurei outras coisas do Vale do São Francisco, por ter similaridade de solo, clima, índice pluviométrico. Em 15 dias estava na casa dele”, continuou.
E AGORA?
O desafio de enfrentar a natureza e adaptar as vinhas a um clima tão diferente do tradicional é algo que o casal e os colaboradores da Chateau HS encaram. O sonho de trazer vinhos de alta qualidade à região é impulsionado por uma crença na qualidade do solo e nas condições climáticas favoráveis.
“Dá um frio na barriga, porque você tá lidando com a natureza, a natureza ninguém manda nela. A gente ajuda um pouquinho aqui acolá, mas a gente tem que ver como a natureza vai se comportar e como as videiras vão se comportar, mas é um desafio que a gente resolveu encarar e tem tudo para dar certo, por que não?”, questionou.
Herta também comentou a expectativa: “No primeiro momento em que pensamos na realização neste sonho foi um marco na nossa vida, porque eu acredito que Deus colocou a mão e as coisas foram se desenvolvendo, desenrolando de uma rapidez tão grande, que eu disse não só pode ser a mão de Deus aqui. Porque as coisas foram crescendo numa proporção e foram de maneira rápida, porque a ideia surgiu o ano passado, 2022, e um ano depois estarmos aqui no primeiro plantio, é um acontecimento, para nós, histórico”.
José Figueiredo, que já tem uma trajetória consolidada no mundo vinícola, expressou sua confiança na empreitada.
CONCEITO E FUTURO
“Acredito muito na qualidade do solo. Isso é fato corrente na boca de todo mundo, que os solos daqui dessa região são os melhores e os mais férteis. Tudo que se plantando dá, peço as bençãos de Deus para que nossas videiras também sejam abençoadas tanto quanto as tantas outras plantações que existem”, disse.
Ele ainda falou sobre sua experiência fora do Vale às margens do rio São Francisco:
“Aqui de perto de certa forma estamos na margem do canal de Transposição. As águas que banham, eu brinco, essas águas já passaram por Curaçá. Realmente é um desafio, mas a condição climática é muito semelhante ao Vale do São Francisco, isso me dá uma confiança muito grande. Agora natureza é natureza, mas eu estou muito certo, muito convicto que nós teremos assim algumas alegrias muito grande com os meninos daqui porque a proposta não é se elaborar qualquer vinho, vamos dizer assim, o que fez eu ser convidado pelo Chateau HS, o Jarismar e Herta, para fazer parte do projeto, estar na frente do projeto, é exatamente pela qualidade do vinho, e essa mesma qualidade que eu pretendo trazer para cá”, definiu.
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