Justiça aceita denúncia do MPPB contra médico de João Pessoa flagrado agredindo ex-companheira


Segundo o promotor, os vídeos de conhecimento público das agressões e outras fotos incluídas no inquérito policial foram base para a denúncia. João Paulo Casado é acusado de agredir a ex-companheira; ele pediu desculpas e disse que estava sob intenso estresse na dia das agressões João Paulo Casado/Divulgação A Justiça da Paraíba aceitou denúncia contra o médico João Paulo Casado, flagrado por câmeras de segurança agredindo a ex-companheira em João Pessoa. A informação foi confirmada pelo Ministério Público da Paraíba nesta terça-feira (26). O processo corre em segredo de justiça. De acordo com o promotor de justiça, Rogério Rodrigues Lucas de Oliveira, o MPPB realizou a denúncia com base no inquérito realizado pela Polícia Civil na última semana. A denúncia já foi recebida pela juíza e o acusado terá um prazo para apresentar a defesa. Ainda segundo o promotor, os vídeos de conhecimento público das agressões realizadas no carro e no elevador e também de outras fotos incluídas no inquérito policial foram base para a denúncia. O MPPB também compreendeu que a ex-companheira do médico foi vítima de violência psicológica “pelas palavras utilizadas pelo médico sempre que o casal se desentendia”. Leia também: Mulher agredida por médico de João Pessoa explica por que não denunciou violência: 'se eu reagisse eu apanhava mais' Mulher agredida por médico de João Pessoa conta início da violência: 'preciso me curar das frases ditas por ele' Delegada que recebeu denúncia sobre médico de João Pessoa que agrediu ex-companheira é dispensada O que diz a defesa do médico A defesa de João Paulo Casado nega que existiram outras agressões além das filmadas pelo circuito de câmeras do condomínio, afirma que o médico estava sendo chantageado, acusa Rafaella de maus-tratos contra o filho dele e diz que o médico está arrependido. O médico também gravou um vídeo pedindo desculpas a Rafaella e a outras mulheres que tenham se sentido ofendidas. "Ele atribui, não justifica, mas atribui aquelas aquelas cenas ao estresse que vivia emocionalmente naquele período. E também acrescentado pelo fato de que havia da jovem, da doutora Rafaela com relação ao seu filho, uma animosidade. Tanto é assim que nas imagens mostram ele após efetivamente produzir aquelas agressões, ele acalentando o filho. Ele disse, ali instantes antes, ter tido uma severa discussão com ela, [...] em que ela lançou impropérios contra o garoto. Então ele, no ímpeto da emoção, acabou fazendo o que aquelas imagens mostram", disse o advogado Aécio Farias. Rafaella nega a versão do advogado e diz que sempre se deu bem com o filho de João Paulo. Relembre o caso Em um vídeo, gravado em abril do ano passado, o médico João Paulo Souto Casado está em um elevador e puxa o cabelo da mulher e a empurra várias vezes, na frente de uma criança. Já em outras imagens, de setembro de 2022, a vítima é agredida com socos dentro de um carro. Em entrevista ao Bom Dia Paraíba, no último dia 11, a delegada Paula Monalisa explica que as imagens foram entregues à polícia, pela própria vítima, em agosto deste ano. “Ela procurou a delegacia e nos forneceu essas imagens. Ela também foi ouvida, com bastante riqueza de detalhes, e as medidas protetivas já foram solicitadas e deferidas pela Justiça. O inquérito está em andamento”, falou a delegada. A polícia chegou a pedir a prisão de João Paulo Casado, mas o pedido foi negado pela Justiça. Ele chegou a se apresentar à polícia, ficou calado durante o depoimento e foi liberado. Afastamento dos cargos Após a divulgação das imagens nas redes sociais, a secretária interina de Saúde de João Pessoa, Janine Lucena, publicou nas redes sociais uma nota em que pediu o afastamento imediato de João Paulo do cargo do diretor técnico do Trauminha. No Diário Oficial de João Pessoa, foi oficialmente publicada a exoneração do diretor técnico do Trauminha. Complexo Hospitalar de Mangabeira, o Trauminha, em João Pessoa Dayse Euzéio/Secom-JP/Arquivo Além disso, João Paulo também é Cabo Bombeiro Militar da Paraíba e médico atuante no Grupo de Resgate Aeromédico do Corpo de Bombeiros (Grame) e no Hospital de Emergência e Trauma de João Pessoa. A Secretaria de Estado da Saúde da Paraíba (SES-PB), em nota, informou que “repudia as agressões e se solidariza com a vítima, afastando, portanto, o servidor de sua função pública”. O secretário de Saúde da Paraíba, Jhony Bezerra, divulgou que afastou o servidor de ambas as funções no Trauma e no Grame. Já o Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB) informou em nota que determinou a abertura de uma sindicância, considerando os artigos 23 e 25 do Capítulo IV do Código de Ética Médica. O Corpo de Bombeiros informou que um procedimento apuratório para investigar a conduta do médico, que é militar do CB desde 2005, vai ser aberto. Os referidos artigos dizem respeito à "Tratar o ser humano sem civilidade ou consideração, desrespeitar sua dignidade ou discriminá-lo de qualquer forma ou sob qualquer pretexto", e "Deixar de denunciar prática de tortura ou de procedimentos degradantes, desumanos ou cruéis, praticá-las, bem como ser conivente com quem as realize ou fornecer meios, instrumentos, substâncias ou conhecimentos que as facilitem." Outra denúncia de violência doméstica Médico já foi denunciado por violência doméstica em 2020. Boletim de ocorrência, ao qual o g1 teve acesso, mostra denúncia realizada na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) Norte em dezembro de 2020. No BO, a vítima relata que se relacionou com o médico de 2016 a novembro de 2020. A relação dos dois era "conturbada e marcada por violências" e o médico costumava alertá-la que "cabaré que ele não mandava, fechava". “João Paulo é um homem ciumento, possessivo, autoritário e agressivo, querendo sempre impor as vontades e decisões dele ao relacionamento”, relatou à polícia. A vítima denuncia que chegou a sofrer agressões físicas e verbais, além de ameaças de João Paulo. Segundo ela, o médico tinha o hábito de tentar diminuir a autoestima dela e fazia comentários depreciativos. Atual delegada da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher de João Pessoa, Cláudia Germana disse que não atuou no caso de 2020, mas tão logo a nova denúncia contra João Paulo Casado veio à tona neste ano, ela juntou um processo no outro, para que a Justiça tenha uma ampla análise sobre o caso. Vídeos mais assistidos do g1 Paraíba
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