Revista NORDESTE aborda ‘A Seca e a Resistência’: estudiosos explicam como gerações sobrevivem no Semiárido da região

A edição 199 da Revista Nordeste revela estudiosos unem Universidades, governos e instituições em Foro, e documentam como o DNOCS garantiu fixação de gerações no Semiárido do Nordeste diante da ameaça do Êxodo rural. Projeto prevê ainda exposição de trabalhos na Espanha e no Peru.

 

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“Nordestino, antes de tudo, um forte”, já dizia Euclides da Cunha, precisamente por sua capacidade para enfrentar as intempéries da estiagem, sobreviver e ser capaz de criar uma cultura única, que se diferencia pela sua originalidade. Esta é a síntese de forte Movimento atual envolvendo estudiosos, Universidades, Governos e instituições projetando campanha atraindo banco de dados históricos provando como o DNOCS permitiu a sobrevivência de diversas gerações no Nordeste brasileiro, sem suas obras tudo seria deserto.

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A síntese do projeto prevê não só estudos como catalogação histórica de documentos existentes em torno do DNOCS, como a exposição do imenso acervo visando até exposições na Espanha e Peru.

 

 

A história que se impõe

 

 

 

Uma cultura que inicia na culinária de convivência com a aridez da terra e uma histórica e ciclica ausência de chuvas e vai do artesanato, à música, teatro, cinema, literatura e artes plásticas, manifestações religiosas. É este resumo a ser catalogado sabendo-se que em tudo, a tenacidade dos nordestinos está impregnada com sua identidade cultural.

 

Segundo o professor universitário e escritor Helder Moura, idealizador e um dos responsáveis pelo trabalho, “uma cultura também que só se estabeleceu, porque algumas técnicas de enfrentamento, ações e manuseio do que a natureza oferece permitiu a sua permanência nessa terra de desafios. Sem essas incansável luta contra os elementos, não haveria uma cultura, talvez apenas um imenso e vazio deserto”.

 

E acrescenta:

 

“Por isso, é importante observar como o fenômeno da seca, que, ao tempo que tornou tão inóspita a vida das pessoas da região, também fomentou a formação de uma gnose única, tonou o Nordeste brasileiro uma região de grande potencial turístico e cultural, um verdadeiro patrimônio do Brasil e do mundo”, frisou.

 

E acrescenta: “o Nordeste, sob esse prisma, apresenta uma peculiaridade singular em termos de formação de sua gente, com forte influência ibérica e até moura. Compreender como essa gente tem resistido por séculos à inclemência da seca será também ter a percepção de sua gênese.

 

A partir dessa perspectiva, tornou-se premente o estabelecimento de uma experiência pedagógica e científica dessa, que podemos chamar de cultura da seca, como fenômeno particular do Nordeste brasileiro, envolvendo distintos atores, além de se buscar consignar  a ligação entre as representações sociais, as ações e as relações existentes entre os vários agentes, a partir, inclusive de suas históricas ligações temáticas”.

 

INÍCIO E IDEALIZAÇÃO

 

Segundo ele, “ assim surgiu a idéia desse projeto de um evento capaz de reproduzir, no espaço de uma semana, o espectro de suas vocações e potencialidades culturais e econômicas que tornaram possível o desenvolvimento sustentável da região, só a égide da cultura da seca.

 

Ele ainda observa: “Também uma busca pelos arranjos socioeconômicos e culturais, através dos pontos estratégicos, como obras que minimizem os efeitos da seca mantendo o homem na terra, bem como a percepção de como se desenvolveu essa cultura em função da seca, suas manifestações religiosas e culturais, também de expressivo valor histórico, artístico, paisagístico, arqueológico, paleontológico e científico.

 

NO EXTERIOR

 

Ele explicou que “quando, preliminarmente, a ideia foi apresentada em Barcelona, durante evento, no Instituto Guimarães Rosa, o projeto ganhou um foro de contemporaneidade e, sobretudo, universalidade. Por fim, o projeto apresenta-se com potencial para fomentar também uma cultura de pesquisas sobre o fenômeno da seca e as formas de enfrentamento, algo talvez único no mundo, dada as peculiaridades regionais e geográficas e, especialmente, sociais.

 

O QUE É – O projeto foi concebido, como um foro capaz de estabelecer parcerias com várias instituições, como o Instituto Guimarães Rosa, também o Instituto IberoAmerica (OEI), universidades, e outras entidades.

 

Neste sentido, a realização do evento deve contemplar a difusão da cultura da seca através de oficinas com diversos atores, cursos visando também apresentar a cultura nordestina e técnicas de enfrentamento da seca, estimular o intercâmbio objetivando a troca de experiências com outras culturas.

 

Também prevê o fomento às condições para a realização de cursos regulares e até defesas de mestrado e doutorado sobre o tema, de forma a popularizar o conhecimento na área, no âmbito de uma cultura de valorização da experiência oferecida pelo Nordeste brasileiro, a diversidade cultural como a base na multiplicidade de identidades, de idiomas e tradições.

 

SEMANA

 

WhatsApp Image 2023 08 18 at 20.40.54Para a realização do evento no exterior já foram realizados os primeiros contatos em Barcelona (Espanha), através do Instituto Guimarães Rosa, e também em Lima (Perú), com o debate do projeto, visando seu aprimoramento e aperfeiçoamento.

 

Como primeiro passo, a realização de uma 1ª Semana Cultura da Seca, no âmbito da semana cultura da Proex (Pro-Reitoria de Extensão) da UFPB, entre os dias 16 a 20 de outubro. Nesse sentido, já foram iniciadas tratatidas como o Instituto Moreira Salles, objetivando a projeção de documentários sobre a seca produzidos pelo IMS.

 

ACORDO E CESSÃO

 

O professor Hélder Moura, do Instituto Federal da Paraíba, foi cedido em colaboração técnica para a Universidade Federal, com o propósito de implantar um projeto de internacionalização da literatura paraibana, além de outras iniciativas culturais.

 

Foi, então, estabelecido, inicialmente, uma parceria com o Dnocs, para a implantação dos projetos do Bioss (Biblioteca de Obras Sobre a Seca), o Muse (Museu da Seca) e Caminhos da Seca, uma rota pela Paraíba, que apresenta a possibilidade de uma imersão nessa perpectiva da cultura da seca.

 

A parceria também irá compreender, e tratativas já foram iniciadas, com a Universidade Estadual da Paraíba, Governo do Estado, a prefeitura de João Pessoa, A Academia Paraibana de Letras, a Confraria Sol das Letras, e deve se estender ainda à Universidade Federal de Campina Grande e ao INSA (Instituto do Semi-Árido), afora Sebrae e Famup com total apoio da Revista NORDESTE.

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Wallyson

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