Haddad faz retratação após mal-entendido com Lira: “Eu sou só elogios para a Câmara”
Em meio à repercussão negativa de declarações dadas em entrevista divulgada mais cedo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou, nesta segunda-feira (14), que não tem críticas à atual legislatura na Câmara dos Deputados e reforçou que tem dividido as conquistas recentes do governo na área econômica com o Congresso Nacional e o Poder Judiciário.
“As minhas declarações foram tomadas como uma crítica à atual legislatura. Na verdade, eu estava fazendo uma reflexão sobre o fim do chamado presidencialismo de coalizão. Nós tínhamos até os dois primeiros governos Lula, um presidencialismo de coalizão. E isso não foi substituído por uma relação institucional mais estável. Então, eu defendi, durante a entrevista, que essa relação fosse mais harmônica e que pudesse produzir os melhores resultados”, explicou.
“Aliás, [em] todo esse tempo, tudo que tenho feito é dividir com o Congresso e Judiciário as conquistas do primeiro semestre: reforma tributária, Carf (Conselho de Administração de Recursos Fiscais), marco fiscal, as medidas que foram tomadas no começo do ano para fazer o ajuste fiscal. Então, longe de mim querer criticar a atual legislatura. Era uma reflexão justamente para que a gente estabelecesse regras mais estáveis e duráveis, pensando no futuro da relação entre Executivo, Senado e Câmara”, continuou.
Em entrevista concedida ao jornalista Reinaldo Azevedo na última sexta-feira (11), divulgada no início desta tarde, Haddad disse que a Câmara dos Deputados “está com um poder muito grande” em relação a outras instituições e que a casa legislativa não poderia usá-lo para “humilhar” o Senado Federal e o Poder Executivo.
Na conversa, o ministro também afirmou que o Brasil saiu do modelo do presidencialismo de coalizão para o que ele classificou como “coisa estranhíssima”, em uma espécie de parlamentarismo sem primeiro-ministro e criticou o volume excessivo de recursos do Orçamento destinados a emendas parlamentares.
“Passei nove anos em Brasília e nunca vi nada parecido. Tem que haver moderação, que tem que ser construída… Ainda não está a mil maravilhas”, disse.
As falas provocaram ruídos em Brasília e fizeram com que Haddad telefonasse a Lira durante a tarde. Segundo o chefe da Fazenda, a conversa foi “excelente”, mas pouco depois, o deputado se manifestou pelas redes sociais com uma série de recados ao governo.
Sem citar as falas do ministro, Lira disse que a Câmara “tem dado sucessivas demonstrações de que é parceira do Brasil, independente do governo de ocasião”.
“É equivocado pressupor que a formação de consensos em temáticas sensíveis revela a concentração de poder na figura de quem quer que seja. A formação de maioria política é feita com credibilidade e diálogo permanente com os líderes partidários e os integrantes da Casa”, disse.
Aos jornalistas, Haddad pediu que jornalistas não fizessem do episódio um “cavalo de batalha” entre as partes e disse que não se referia a Lira em suas falas na entrevista. “Eu sou só elogios para a Câmara, para o Senado e para o Judiciário. Nós não teríamos chegado até aqui sem a concorrência dos Poderes da República”, afirmou.
“O que defendi é que, em virtude do arranjo institucional que já não tem mais vigência, a gente procurasse uma moderação entre os Poderes para continuar entregando para o país as medidas que o país tanto precisa”, continuou.
“Quero crer que não vai ser uma questão como essa que vai colocar em risco uma relação construída durante muitos meses e que rendeu tantos frutos para o país”, concluiu.
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