Cigarro eletrônico tem até 50 vezes mais nicotina do que o convencional, alertam médicos

Poder viciante maior, lesões graves nos pulmões e substâncias desconhecidas que agem mais rápido, causando comprometimento pulmonar crônico. Essas são algumas das consequências do uso do cigarro eletrônico.

O alerta sobre os perigos desse tipo de produto, os males do tabagismo e a relação com o câncer de pulmão estão no segundo episódio do videocast “Sem Contraindicação”. Produzido pela Unimed João Pessoa, o programa teve como convidados a pneumologista Eliáuria Martins e o cirurgião torácico Petrúcio Sarmento.

Um dos principais problemas do cigarro eletrônico, cuja venda é proibida no Brasil, é o alto teor de nicotina. Enquanto o cigarro convencional tem 1 miligrama de nicotina por unidade, no eletrônico são 50 miligramas da substância [aquecida e em estágio líquido] por mililitro do líquido que está no produto. “A dose é bem maior e tem uma ação no sistema nervoso central mais rápida, viciando mais rápido esse jovem”, alertou Eliáuria Martins.

A pneumologista comentou ainda que, como o produto não tem cheiro e nem o sabor do cigarro convencional, os usuários costumam achar que não são fumantes, o que é um erro. Ela esclareceu também que o uso do produto, que pode chegar aos pulmões a uma temperatura de até 350ºC, causa danos graves ao órgão, como queimaduras e intoxicações, chegando à necessidade de transplante. “Você inflama e lesiona as células pulmonares. Essa lesão pulmonar aguda grave eu já peguei em paciente de 15, 24 anos, sem doença nenhuma”, alertou a médica.

EPIDEMIA

 

Segundo os especialistas, o aumento no número de adeptos ao cigarro eletrônico pode ocasionar, futuramente, uma epidemia de doenças pulmonares, causando adoecimento precoce nos adultos jovens, deixando-os, inclusive, incapacitados para o mercado de trabalho. Dados recentes do Ministério da Saúde revelam que 23,9% dos jovens brasileiros já utilizou alguma vez o cigarro eletrônico. Destes, 17% disseram não mais utilizar. Outros 6,1% afirmam que utilizam com frequência.

O cirurgião Petrúcio Abrantes chamou a atenção para a gravidade desse cenário no Brasil e que já se vê em alguns países, como nos Estados Unidos, aumento nos transplantes de pulmão entre pessoas com menos de 30 anos. “No Brasil, [o cigarro eletrônico] é contrabandeado e não se sabe o que tem nele e como é preparado. Minha maior preocupação é gerar pacientes piores do que os com enfisematosas crônicas [doença que limita o fluxo de ar provocada por inflamações decorrentes de inalação de toxinas], [além do] custo altíssimo para o sistema de saúde, e uma pessoa jovem que não consegue mais produzir”, declarou.

Para o cirurgião, o combate ao tabagismo e ao cigarro eletrônico deve ser feito com reforço em campanhas educativas, envolvendo principalmente as escolas, que é onde estão, principalmente, os usuários do produto. “A escola tem que fazer essa conscientização. É preciso ter uma educação continuada contundente”, defende Petrúcio Abrantes.

VÍDEOCAST

O videocast “Sem Contraindicação” vai ao ar toda quinta-feira, ao meio-dia, no canal da Unimed João Pessoa no YouTube e no Spotify. Cada episódio, traz sempre dois convidados, que abordam temas relacionados a saúde, qualidade de vida e bem-estar.

As informações completas sobre o programa estão no Portal Unimed João Pessoa: www.unimedjp.com.br/semcontraindicacao. Na página, ficam disponíveis os links para acesso ao canal da Unimed JP no YouTube e no Spotify, além de espaço para as pessoas enviarem sugestões para o programa.

O “Sem Contraindicação” é produzido pelo Departamento de Comunicação e Marketing da Unimed João Pessoa, com apresentação de Linda Carvalho.

 

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Cristiane Cavalcante

Cristiane Cavalcante