Haddad: Petrobras não pode se deixar levar por volatilidade de curto prazo
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), defendeu, nesta sexta-feira (4), que a Petrobras não se baseie na volatilidade do petróleo no mercado internacional para a definição de preços a nível doméstico.
Em entrevista coletiva concedida no escritório do ministério em São Paulo, Haddad também disse que o resultado financeiro da petrolífera estatal no segundo trimestre foi impactado por questões externas e pelo próprio desempenho do dólar, e não pelo ambiente doméstico.
A Petrobras registrou lucro líquido de R$ 28,782 bilhões entre abril e junho de 2023, o que corresponde a uma queda de 24,6% na comparação trimestral e de 47% na anual.
“Toda vez que a Arábia Saudita corta produção, o preço sofre uma oscilação. E aí as pessoas começam a especular se a Petrobras vai aumentar o preço em virtude do aumento de uma semana que o petróleo teve, e não deixa os preços do petróleo acomodarem”, afirmou.
“Quando você corta um milhão de barris por dia a produção de petróleo, isso afeta uma semana o preço, depois de uma semana o mercado volta a acomodar. E a Petrobras não pode mais, como fez no passado, tomar decisões com base na volatilidade do mercado”, disse.
“Um dos compromissos desse governo é não se deixar levar pela volatilidade de curto prazo e fazer as projeções de preços dos combustíveis no Brasil à luz daquilo que é concreto e é real, e não meramente especulativo”, reforçou o ministro.
Durante a entrevista, Haddad também garantiu que o Ministério da Fazenda não tem qualquer “ingerência” sobre a política de preços da companhia, alterada no primeiro semestre com o fim do Preço de Paridade Internacional (PPI) ‒ modalidade que acompanha o comportamento dos preços no mercado internacional, implementada durante o governo de Michel Temer (MDB).
“É uma empresa autônoma, que tem sua governança interna. Mas eu acompanho dia a dia a evolução disso, porque tem impacto na política econômica. E muitas se vincula a questão do lucro da empresa com a questão do preço internacional. Levem em consideração a rentabilidade das outras petroleiras”, afirmou o ministro.
“Uma série de coisas precisam ser vistas. Uma realidade é a do ano anterior, em que houve uma guerra, uma mudança consistente de patamar dos preços internacionais. Outra é uma situação atual em que os juros são altos, o preço da commodity com tendência de baixa e às vezes a ação de um grande produtor, como é o caso da Arábia Saudita, para tentar arrefecer uma tendência que tem sido constante desde que os juros passaram a se elevar no mundo inteiro – em particular, na Europa e nos Estados Unidos”, disse.
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