Tebet diz que CMN não irá discutir mudança em meta de inflação de 2024
A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), afirmou, nesta quinta-feira (29), que o Conselho Monetário Nacional (CMN) não irá discutir alteração na meta de inflação de na reunião marcada para esta tarde.
“Nós não estamos discutindo 2024. Nós estamos discutindo 2025 e 2026. Não se fala agora em alteração de meta de inflação. Estamos discutindo outras questões”, disse.
A declaração foi dada pela manhã no “GZERO Summit Latam”, evento promovido pela consultoria internacional de risco político Eurasia Group, em São Paulo.
A ministra participou do evento de forma remota, já que às 15h participa da reunião do CMN.
O conselho, do qual também participam o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, deverá decidir no encontro a meta de inflação de 2026.
Para este ano, a meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional é de 3,25%, com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ela cai para 3,00% nos dois anos seguintes, mantendo a banda de tolerância. Normalmente, os patamares são decididos pelo órgão com antecedência de três anos.
Integrantes da equipe econômica sustentam que uma mudança em objetivos já estabelecidos não estão nos planos do governo neste momento. Mas há uma defesa de possível alteração da metodologia usada para o sistema de metas vigente, com o abandono do “ano-calendário” (janeiro a dezembro) e a adoção de uma “meta contínua” com prazo mais flexível, como 18 ou 24 meses.
Em entrevista concedida ao canal GloboNews ontem (28), Haddad, confirmou que levará a discussão sobre o alongamento das metas à reunião do CMN desta tarde e se referiu à possível mudança como um “aperfeiçoamento desejável”.
Durante o painel organizado pela Eurasia Group, Tebet disse que o Brasil precisa de previsibilidade, credibilidade e segurança jurídica. E assegurou que tais princípios nortearão a decisão do Conselho Monetário Nacional nesta tarde.
“Segurança jurídica e previsibilidade têm muito a ver com a decisão que vamos tomar hoje”, afirmou.
No evento, Tebet também disse que a redução da Selic seria o “terceiro e decisivo” fator para o Brasil ter crédito mais barato, destacando um cenário fiscal mais benigno e a possível aprovação da reforma tributária.
Sobre a condução da política monetária, disse que “a diferença entre o veneno e o remédio está na dose”, defendeu um corte nos juros, mas evitou dar palpite sobre o patamar ideal da Selic.
“Nós tínhamos uma taxa Selic de 13,75% quando tínhamos uma inflação de 10%. Portanto, tínhamos um juro real de 3%, 3,5%, até 4%. Hoje nós temos uma das maiores taxas de juros reais do mundo, com um ambiente totalmente diferente”, disse.
“Nós tivemos uma taxa de juros de 13,75% e uma inflação maior diante de uma instabilidade institucional, que não pode ser esquecida para jamais ser repetida, no ano passado, quando se discutia se haveria uma eleição tranquila ou não, e depois do resultado da eleição”, prosseguiu.
Ela argumentou que hoje o ambiente de crise institucional e crise política são página virada. Exaltou uma melhora recente nas relações entre o governo Lula e o Congresso Nacional. E apontou para a melhora de indicadores econômicos, como a atividade econômica e o processo de desinflação, além de medidas da atual administração, como o novo arcabouço fiscal.
“Tudo isso mostra que nós já podemos falar de queda de juros. Percentual eu não falo. O Banco Central é um órgão técnico e a gente precisa respeitar números, mas essa sinalização precisa e deve ser dada”, disse.
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