Haddad diz ter ficado “bastante preocupado” com decisão do Copom, mas nega pressão política sobre BC
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou, nesta quinta-feira (4), que ficou “bastante preocupado” com a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de manter a taxa básica de juros (Selic) em 13,75% ao ano pela sétima reunião seguida.
“[Eu] realmente fiquei bastante preocupado com a decisão de ontem do nosso Copom de manter pela terceira vez a maior taxa de juros do mundo numa economia que tem hoje uma das mais baixas taxas de inflação”, disse.
Haddad fez um discurso de cerca de 15 minutos na primeira reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social e Sustentável, o chamado “conselhão”, que foi recriado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Ainda assim, nós vamos perseverar em tentar harmonizar política fiscal e monetária, vamos perseverar no diálogo com o Banco Central, vamos perseverar no diálogo com a sociedade, porque entendemos que esse é um tema muito importante e que não opõe o político ao técnico”, ponderou o ministro.
“Há visões sobre como operar a política econômica que merecem ser apreciadas pela sociedade. Todo mundo é capaz de entender argumentos econômicos quando eles são bem explicados”, complementou.
Foi a primeira vez que o ministro se manifestou sobre os juros desde a divulgação do comunicado do Banco Central na noite de quarta-feira (4).
Apesar das críticas à condução da política monetária, Haddad disse que jamais fará pressão sobre o trabalho da autarquia comandada por Roberto Campos Neto.
“Da minha parte, jamais vai haver qualquer tipo de pressão política, no sentido pejorativo do termo, sobre um órgão público que tem a mesma legitimidade que eu tenho ao ser designado pelo presidente da República”, disse.
Lula mantém embate com BC
No mesmo evento, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar o Banco Central e Campos Neto, mantendo o tom de embate com a autoridade monetária, vista por sua gestão como um obstáculo para a retomada do crescimento econômico.
“É engraçado, é muito engraçado o que se pensa neste país. Todo mundo aqui pode falar de tudo, só não pode falar de juros. Todo mundo tem que ter cuidado. Ninguém fala de juros, como se um homem sozinho pudesse saber mais do que a cabeça de 215 milhões de pessoas”, disse.
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