Mais Médicos: ‘maior desejo é voltar ao programa’, diz cubana que está há 3 anos sem exercer profissão


Luky Gonzalez não pode atuar como médica desde que o Mais Médicos foi substituído. Com o relançamento, ela espera poder voltar ao programa. Luky Gonzalez, médica cubana que integrou o programa Mais Médicos na Paraíba Luky Gonzalez/Arquivo Pessoal A cubana Luky Gonzalez veio para a Paraíba pelo Mais Médicos em 2017. Ela atuava em Cajazeiras, no Sertão paraibano, quando precisou encerrar as atividades com a substituição do programa pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. O relançamento do Mais Médicos foi anunciado no dia 20 de março deste ano como uma ação do governo Lula. Com a retomada, Luky Gonzalez espera poder voltar a exercer a medicina. “Meu maior desejo é voltar ao programa e ajudar a população e retornar a exercer minha formação, mas sou sincera, eu vou acreditar justamente quando o governo for capaz de nos empregar novamente”. Mais Médicos: cubanos que participaram do programa do governo desejam voltar a trabalhar; conheça histórias Com o fim do programa, Luky passou a trabalhar como assistente técnica especializada, em um centro de atenção à criança e ao adolescente. Ela contou que ainda não conseguiu fazer o Revalida (Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituição de Educação Superior Estrangeira) por questões financeiras e, sem o diploma revalidado, a cubana enfrentou muitas dificuldades para conseguir emprego, mesmo tendo uma especialização em saúde da família pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). “Durante os últimos anos, tive dificuldade porque ainda não tenho meu diploma revalidado. Para ter vínculo empregatício, não foi fácil, porque muitas pessoas não aceitam a gente trabalhar fazendo outras funções”. No período, Luky fez um curso técnico em radiologia. “Eu fiz esse curso justamente para não deixar de estudar e porque meu salário é baixo. Eu não tinha como pagar o Revalida, mas estou me organizando para fazer o exame este ano”, declarou. Médico ficou desempregado Reinier Delgado ficou no Brasil após o fim do 'Mais Médicos' Reprodução/Instagram Reinier Delgado trabalhava em Cajazeiras, no Sertão da Paraíba, junto com Luky, e também ficou desempregado por muito tempo com o fim do Mais Médicos. O especialista em saúde da família desejou permanecer atuando profissionalmente no Brasil, pois conheceu uma brasileira com quem se casou. Ele precisou voltar para Cuba para se desligar como médico no país e, ao retornar ao Brasil, estudou durante três anos para o exame do Revalida. “Enfrentei o desemprego durante esse período, vivi com minha esposa na casa dos pais dela e apenas com o salário que ela ganhava. Desde 2017 que o exame não era realizado, isso conta a questão da demora. Em dezembro de 2021 eu consegui revalidar, só assim pude voltar a exercer a profissão”. O que é o Mais Médicos para o Brasil Batizado de Mais Médicos para o Brasil, o novo programa dará prioridade para profissionais brasileiros e visa ampliar o número de profissionais de saúde no SUS, principalmente em áreas mais vulneráveis. Além disso, são previstos investimentos na construção e reformas de Unidades Básicas de Saúde. Neste ano, o governo pretende abrir 15 mil vagas e investirá R$ 712 milhões. Além da bolsa, os profissionais também receberão benefícios, terão direito a licença maternidade de até seis meses e paternidade de até 20 dias, e poderão fazer especialização e mestrado durante o tempo que estiverem no programa, que tem duração de quatro anos. O objetivo é conseguir manter os profissionais em regiões de difícil acesso, já que os dados do Ministério da Saúde mostram que 41% dos participantes desistem do programa em busca de capacitação e qualificação. O programa, que existe há dez anos, foi substituído pelo Médicos pelo Brasil durante o governo Jair Bolsonaro (PL). No entanto, a mudança representou um retrocesso, já que o primeiro edital só foi anunciado em 2021 – dois anos depois, e após o ápice da pandemia de Covid. Vídeos mais assistidos do g1 Paraíba
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