Caso Alph: réus vão a júri popular por morte de estudante da UFPB em 2020

Clayton Tomaz de Sousa, conhecido como Alph, foi encontrado morto com marcas de tiros, em uma mata às margens de uma estrada em Gramame, em João Pessoa, no dia 8 de fevereiro de 2020. Alph foi encontrado morto em 8 de fevereiro, em João Pessoa Genoveva Souza/Arquivo pessoal A juíza Andréa Carla Nunes Galdino, da 1ª Vara do Tribunal do Júri de João Pessoa, pronunciou Selena Samara Gomes da Silva e Abraão Avelino da Fonseca pela morte do estudante Clayton Tomaz de Sousa, conhecido por “Alph”, por motivo torpe, sem a possibilidade de defesa da vítima. Os acusados, que estão foragidos, devem passar por júri popular. A decisão é do dia 20 de junho de 2022. Clayton Thomaz de Souza foi encontrado com marcas de tiros, em uma mata às margens de uma estrada em Gramame, em João Pessoa, no dia 8 de fevereiro de 2020, mas só foi identificado no dia 17 do mesmo mês. Ele foi visto pela última vez no dia 6 de fevereiro. O jovem era de Arcoverde, em Pernambuco, mas morava em João Pessoa, onde cursava filosofia na Universidade Federal da Paraíba (UFPB). A defesa O advogado Roberto Paiva de Mesquita Neto, responsável pela defesa de Abraão, defende que o réu não tem envolvimento no crime, negou a existência de um suposto triângulo amoroso alegado pela acusação e ainda citou que “a outra ré deve ter sido contratada pelos seguranças da UFPB por causa das perseguições que o Alph vinha sendo vítima”. Alph, como era conhecido, era ativo no movimento estudantil da UFPB, tendo relatado desentendimentos com os seguranças da universidade. Por isso, a investigação colheu depoimentos e fez a quebra do sigilo telefônico de um dos servidores da guarda da universidade que Alph alegava ter atritos, mas não foi encontrado nenhum indício de conexão que justificasse a continuidade do inquérito nessa linha. A defesa de Abraão também criticou o fato do réu, assim como Selena, ter sido impedido de prestar depoimento na segunda parte da audiência de instrução, que aconteceu no dia 30 de maio. Eles foram impedidos de falar de forma online por estarem foragidos. A primeira parte da audiência de instrução aconteceu no dia 17 de novembro de 2021. Já a advogada de Selena Samara Gomes da Silva, Sarah Kelly Figueiredo Maciel, diz que a ré não tinha qualquer envolvimento com a UFPB, nem mesmo com a segurança. Comentou também o impedimento do depoimento de Selena na audiência de instrução e alegou se tratar de “cerceamento de defesa”. Denúncia do Ministério Público A denúncia do Ministério Público aponta que no dia 6 de fevereiro de 2020 os dois acusados saíram com a vítima, no bairro Castelo Branco, no carro de Selena, com destino à comunidade Aratu, onde Abraão residia. No local, efetuaram um disparo de arma de fogo que causou a morte do estudante. Em seguida, colocaram o corpo no porta-malas do carro de Selena e o abandonaram no terreno que dá acesso à Praia de Gramame. A motivação, de acordo com as investigações, seria um desentendimento por um triângulo amoroso, pois Selena tinha um relacionamento com Abraão e estava se relacionando também com Clayton. Para isso, foram considerados os depoimentos de testemunhas, que alegaram ter visto os dois acusados com a vítima no dia do desaparecimento, e dados da estação de rádio base dos telefones de Alph e de Selena, que verificaram que sinais emitidos pelos celulares dos dois, no dia 6 de fevereiro, na mesma localização. Além disso, no porta-malas do carro de Selena, foi encontrado vestígio semelhante ao sangue humano, o que foi comprovado posteriormente, após exame. LEIA TAMBÉM: Caso Alph: entenda investigação que levou à acusação de 'namorada' e amigo por morte de estudante da UFPB Investigação e testemunhas Em depoimento, o pai de Alph disse que logo que soube do desaparecimento do filho, veio à João Pessoa e encontrou Selena. A mulher afirmou que esteve com o estudante no dia do desaparecimento e que chegou a fazer um saque na conta dele, na manhã daquele dia, para pagar despesas feitas por ambos. O pai percebeu, no entanto, que a operação bancária foi feita na noite do dia 6. O homem acrescentou que percebeu uma marca de mordida em uma das mãos de Selena e que ela teria raspado a cabeça. Percebeu também que a mulher estava nervosa, sempre falando com alguém por ligações ou mensagens de texto no celular, e parou de atender ligações após o corpo de Alph ter sido reconhecido. Nos depoimentos, consta que mãe e irmã da vítima também notaram a mudança no corte de cabelo e nervosismo em Selena. Outras testemunhas relataram ter visto o carro Selena estacionado na frente do endereço de Alph e observado os dois juntos na véspera e no dia do desaparecimento. Além disso, um dos depoimentos menciona que viu a vítima com Selena e um homem, na noite do dia 6, saindo do local. Este homem foi reconhecido, por meio de fotografia, como sendo Abrãao Avelino da Fonseca. Há ainda relato de que Selena voltou ao apartamento com mais dois homens e arrombou a porta, alegando que, em virtude do sumiço do estudante, ele poderia estar lá dentro, desacordado de alguma forma. A denúncia também aponta que era de conhecimento dos amigos de Alph que ele se relacionava com Selena há cerca de um mês. Já o relacionamento da ré com Abraão foi constatado pela denúncia a partir de depoimentos e também por quebra de sigilo telefônico e bancário. Vídeos mais assistidos do g1 Paraíba