Não tem agenda da Fazenda, tem do governo, diz Gleisi após declaração de Lula sobre meta fiscal

Gleisi Hoffmann

As declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva dadas na sexta-feira (27), de que o governo não precisa de déficit zero em 2024, não enfraquecem o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse a presidente do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PR). A agenda, contudo, “é do presidente”.

“Não tem uma agenda do Ministério da Fazenda, uma do Ministério da Saúde. Tem uma agenda de governo”, falou Gleisi em entrevista ao jornal Valor Econômico neste sábado (28). “Não pode ter meta [fiscal] zero e fome mil”.

Segundo a parlamentar, a fala de Lula deve agora servir de indicação sobre os próximos passos do Congresso e do próprio Ministério da Fazenda.

“Acho que isso alerta tanto o Congresso quanto a Fazenda para tomar medidas que têm de ser tomadas”, disse, ressaltando que, ao tratar do resultado primário do ano que vem, Lula “assumiu a responsabilidade” de que a meta não é alcançável.

“Isso já vinha sido discutido há muito tempo não só pela ala política do governo, mas por analistas do próprio mercado, que avaliavam que essa meta de resultado primário zero era muito difícil de ser cumprida”, comentou.

Para Gleisi, as reações à fala de Lula são “irracionais”.

Em entrevista a jornalistas no Palácio do Planalto, o presidente afirmou que entende a disposição do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), de tentar zerar o déficit fiscal no próximo ano, mas fez uma série de ponderações em relação à meta. “Nós dificilmente chegaremos à meta zero, até porque não quero fazer cortes em investimentos de obras”.

Sob as regras do novo arcabouço fiscal, aprovado em agosto, o governo propôs ao Congresso Nacional zerar o rombo fiscal em 2024, meta considerada por economistas ousada e excessivamente dependente de ganhos de arrecadação.

Em reação, a Bolsa passou a ter fortes perdas. O Ibovespa fechou a sessão de sexta-feira com queda de 1,29%, aos 113.301,35 pontos. Na semana, contudo, o índice ainda ficou no positivo, com modesta alta de 0,13%.

Para economistas ouvidos pelo InfoMoney, os efeitos negativos da declaração do presidente podem representar impactos econômicos indesejados à frente, mas, no curto prazo, são mais políticos.

A avaliação é que falas desse tipo, embora não representem uma novidade em relação ao que integrantes do próprio governo vinham defendendo, enfraquecem a posição de Haddad em suas negociações no Congresso Nacional.

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Equipe InfoMoney

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