Polícia investiga suspeito de ‘stalking’ que teria usado programa espião para monitorar ex-companheira, na PB


Monitoramento ilegal estaria acontecendo há cerca de dois anos, e a vítima só percebeu quando levou o computador para fazer manutenção e o programa foi achado pelo técnico. Suspeito estaria monitorando a ex-companheira, há dois anos, por meio de programa espião no computador dela Marcos Serra Lima/g1 Um homem de 44 anos está sendo investigado pela Polícia Civil suspeito do crime de perseguição, conhecido como “stalking”, em João Pessoa. Na manhã desta terça-feira (29), ele teve o computador e o celular apreendido após a polícia identificar a suspeita de que ele espionava a ex-companheira, há dois anos, por meio do computador dela. Stalking: como identificar e o que fazer quando se é vítima de perseguição Segundo o delegado João Ricardo, da Delegacia de Crimes Cibernéticos, a própria vítima procurou a polícia após perceber que estava sendo monitorada ilegalmente pelo suspeito. “Ela relatou que o computador dela estava muito lento e que levou para fazer um conserto. Ao chegar no local, o técnico identificou que havia um programa espião instalado, foi quando ela nos procurou e, através das investigações, individualizamos o suspeito”, disse o delegado. O mandado de busca e apreensão foi cumprido na casa do suspeito, no Bairro dos Estados. Conforme o delegado, os aparelhos apreendidos podem ajudar na investigação, inclusive de outros crimes. “Também estamos realizando uma investigação telemática, para que possamos identificar a quantidade de crimes que possam ter sido cometidos, já que a linha temporal do ‘stalking’, foi muito grande. O monitoramento aconteceu durante dois anos, até que a vítima descobrisse. Então vamos apurar as condutas e indiciar o suspeito se, porventura, concluirmos pela quantidade de crimes que ele possa ter cometido”, finalizou o delegado. Veja como e quando denunciar o 'stalking', crime de perseguição Daniel Ivanaskas/G1 O que é stalking? Centenas de mensagens ou ligações de uma mesma pessoa. Comentários invasivos em redes sociais. Perfis falsos que acompanham a sua rotina, a de seus familiares ou amigos. Notar que uma pessoa está sempre no mesmo local e horário que você. Esses são apenas alguns sinais de uma série de situações que podem indicar que alguém é vítima de stalking (ou "perseguição", na tradução do inglês). O stalking não é novidade, mas as redes sociais facilitaram e amplificaram o alcance dos criminosos. A prática virou crime somente em 2021, quando foi incluída ao Código Penal. Mesmo que a perseguição seja uma prática já bastante antiga, pode ser difícil reconhecer que você ou algum conhecido é vítima de stalking para fazer a denúncia do criminoso, cessando a violência. Stalking: entenda o que é esse crime, saiba identificar e veja como denunciar Como identificar? Segundo a advogada Gisele Truzzi, especialista em crimes digitais, a principal característica desse crime é a repetição: "a perseguição reiterada é o primeiro sinal de alerta", explica. As formas em que o assédio pode ocorrer são variadas. No entanto, cabe destacar: muitas mensagens de uma mesma pessoa em diversas oportunidades, mesmo sinalizando que não quer ter aquele contato; muitas ligações seguidas; comentários, principalmente com teor negativo, em publicações feitas em redes sociais; o stalker pode criar perfis falsos em redes sociais para acompanhar o que você posta caso seja bloqueado; familiares e/ou amigos começam a ser seguidos pelo stalker ou pelos mesmos perfis falsos; a vítima percebe que alguém está sempre nos mesmos locais e horários que você; a vítima recebe comentários que mostram que aquela pessoa te viu ou sabe sobre a sua rotina, como dizer exatamente a roupa que você estava usando ou uma foto de algo seu ou de um lugar em que você esteve. A lei que criminaliza o Stalking foi sancionada há quase dois anos e o número de casos disparou em 2022 O que fazer se estiver sendo perseguida? De acordo com a advogada, é essencial ter provas da perseguição para conseguir, durante o processo, demonstrar que a história da vítima é verídica. "Salvar e-mails, postagens em redes sociais, tirar prints (capturas de tela) de mensagens ou registrar chamadas telefônicas. Tem que armazenar tudo e nunca apagar as provas", pontua. Para isso, o método mais comum é, justamente, a captura de tela daquilo que é recebido de forma online. Porém, Gisele ressalta que os prints, embora válidos, podem ser questionados em juízo e, em casos assim, passam por perícia para comprovar sua autenticidade. A advogada explica que há outros dois meios de reforçar essas provas, de forma que não sejam contestadas. A primeira delas — e mais segura — é realizar uma ata notarial, que é um processo em que um tabelião certificado escreve, em um documento, aquilo que ele está vendo, o que pode ser feito com essas provas. Gisele comenta que o tabelião é uma pessoa de fé pública e, por isso, com uma certificação de que ele está vendo uma mensagem do stalker, por exemplo, não pode haver contestações durante o processo. No entanto, essa é uma opção mais cara e pode ser considerada para casos mais graves, como ameaças. Além do registro das provas, Gisele também destaca que é importante buscar um advogado, preferencialmente focado em crimes digitais, para que medidas complementares sejam tomadas. Vídeos mais assistidos da Paraíba
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