Polícia Federal faz buscas em endereços de Carla Zambelli, em ação contra invasão de sistemas do Judiciário
A Polícia Federal realiza, na manhã desta quarta-feira (2), buscas em endereços ligados à deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), em Brasília. A ação ocorre no âmbito da operação 3FA, que investiga a invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em janeiro deste ano, e a inserção de documentos e alvarás de soltura falsos no Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP).
Além dos mandados de busca e apreensão no gabinete de Zambelli na Câmara dos Deputados, e também no apartamento funcional da parlamentar, os agentes prenderam, no interior de São Paulo, o hacker Walter Delgatti Neto, que no passado ganhou notoriedade por ter invadido o celular de autoridades envolvidas na Operação Lava Jato.
Segundo nota divulgada pela Polícia Federal, a operação desta quarta tem relação com inquérito aberto para apurar a invasão ao sistema do CNJ, que tramitou na Justiça Federal. A investigação foi direcionada ao Supremo Tribunal Federal (STF) em razão do surgimento de evidências apontando possível envolvimento de uma pessoa com foro privilegiado.
Na decisão em que autorizou as diligências, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ordenou também a apreensão de celulares, tablets e computadores, bem como de armas, munições e quantias acima de R$ 10 mil eventualmente encontradas em endereços e veículos ligados à parlamentar.
O ministro afastou o sigilo bancário de Zambelli, do hacker Walter Delgatti Neto e de outras três pessoas ligadas à deputada, para que sejam explicadas transferências de R$ 13,5 mil, via Pix, para a conta de Delgatti. Há indícios de que a quantia seria pagamento por serviços de invasão bem-sucedida a sistemas do Poder Judiciário.
Segundo a PF, houve utilização de credenciais falsas obtidas de forma ilícita e que permitiram aos criminosos ter controle remoto dos sistemas.
“Os crimes apurados ocorreram entre os dias 4 e 6 de janeiro de 2023, quando teriam sido inseridos no sistema do CNJ e, possivelmente, de outros tribunais do Brasil, 11 alvarás de soltura de indivíduos presos por motivos diversos e um mandado de prisão falso em desfavor do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes”, diz o documento.
“Os fatos investigados configuram, em tese, os crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica”, concluiu a corporação.
No falso documento, consta que Moraes teria mandado prender a si mesmo por “litigância de má-fé”, isto é, por ter acionado o sistema judiciário sem causa plausível. “Diante de todo o exposto, expeça-se o competente mandado de prisão em desfavor de mim mesmo, Alexandre de Moraes. Publique-se, intime-se e faz o L.”, dizia outro trecho da falsa decisão.
Sem citar a operação da PF diretamente, Zambelli afirmou, pelo Twitter, que “da mesma forma que precisamos resguardar as mulheres contra agressões, também precisamos resguardar os homens contra as falsas acusações”.
Em nota, a defesa de Zambelli disse que “confirma a realização de mandados de busca e apreensão em seus endereços nesta quarta-feira. A medida foi recebida com surpresa, porque a deputada peticionou, através de seu advogado constituído, o Dr. Daniel Bialski, colocando-se à disposição para prestar todas informações necessárias e em nenhum momento a parlamentar deixou de cooperar com as autoridades”.
Entendo que da mesma forma que precisamos resguardar as mulheres contra agressões, também precisamos resguardar os homens contra as falsas acusações. Infelizmente existem pessoas ruins de ambos os lados, mas precisamos ser imparciais e defender o direito de todos. pic.twitter.com/7Wzg34aU0T
— Carla Zambelli (@Zambelli2210) August 2, 2023
Em depoimento anterior à PF, Delgatti admitiu ser autor da invasão, após a qual, além do mandado falso pela prisão de Moraes, foram inseridos mandados de soltura de 10 presos espalhados por diferentes estados. Ele afirmou que o ato foi feito a pedido de Zambelli. Sobre a prisão ocorrida nesta quarta-feira, a defesa de Delgatti disse ainda não ter acesso ao inteiro teor da decisão.
De acordo com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB-MA), os mandados cumpridos por agentes da PF nesta quarta são relativos a invasões ou tentativas de invasões de sistemas informatizados do Poder Judiciário da União, no contexto dos ataques às instituições.
“Em prosseguimento às ações em defesa da Constituição e da ordem jurídica, a Polícia Federal está cumprindo mandados judiciais relativos a invasões ou tentativas de invasões de sistemas informatizados do Poder Judiciário da União, no contexto dos ataques às instituições”, afirmou pelo Twitter.
(Com Agência Brasil)
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