Emenda de líder do governo ao arcabouço autoriza antecipar no Orçamento despesas condicionadas
O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (Sem partido-AP), apresentou uma emenda ao projeto do arcabouço fiscal que permite no Orçamento de 2024 a previsão de despesas condicionadas, que só seriam executadas após aprovação de crédito extraordinário pelo Congresso.
O limite para essas despesas condicionadas seria a diferença entre o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – a inflação oficial do País – acumulado nos 12 meses até junho e o realizado até dezembro do ano anterior.
Depois de passar pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, a proposta que muda a âncora fiscal do País deve ser votada na tarde desta quarta no plenário da Casa.
“A presente emenda prevê que o PLOA e a LOA poderão conter despesas condicionadas até o montante da estimativa da diferença entre o IPCA de 12 meses acumulado até junho e o acumulado para o exercício anterior ao que se refere o orçamento”, diz a emenda de plenário apresentada por Randolfe.
“Obrigatoriamente, as despesas condicionadas serão executadas somente após a aprovação pelo Congresso Nacional de projeto de lei de crédito adicional, nos termos da lei de diretrizes orçamentárias”, afirma outro trecho do texto.
De acordo com Randolfe, esse dispositivo evitará o corte de aproximadamente R$ 32 bilhões no Orçamento de 2024. O senador argumenta que esse ajuste afetaria investimentos em rodovias, saneamento básico, contenção de encostas, além de despesas com emissão de passaporte e funcionamento do INSS e de serviços assistenciais para acesso, por exemplo, ao Bolsa Família, ao Benefício de Prestação Continuada (BPC) e a aposentadorias e pensões.
“Convém lembrar que o dispositivo não amplia o limite para a despesa primária da LOA em relação ao texto aprovado pela Câmara no PLP 93/2023. Ele apenas prevê, de forma condicionada, despesas no PLOA que já seriam objeto de crédito posteriormente”, diz o texto da emenda.
Randolfe afirma que a emenda não resultará em obrigação de corte orçamentário pelo Congresso, já que, se não for verificada a diferença entre o IPCA acumulado até junho e o realizado até dezembro, simplesmente não haveria a aprovação do crédito extraordinário. “Para 2024, esta possibilidade só ocorreria caso o IPCA de 2023 fosse inferior a cerca de 4%, o que não é previsto por qualquer agente econômico”, diz a emenda.
Cálculo da inflação
O relator do arcabouço fiscal no Senado, Omar Aziz (PSD-AM), já havia tentado aumentar o limite de despesas do governo, mas com uma mudança no período de cálculo do IPCA que servirá de referência para o aumento de gastos.
O texto enviado pela Fazenda considerava para o cálculo da inflação o valor oficial do indicador de janeiro a junho de 2023 mais a projeção da inflação de julho até dezembro. Como há tendência de aceleração neste ano, isso poderia aumentar o nível de despesas em 2024.
Na Câmara, os deputados fixaram essa janela de julho do ano anterior a junho do ano vigente, retomando a atual regra e que, neste ciclo, seria menos favorável ao Executivo. No Senado, foi cogitada a possibilidade de mudar para dezembro do ano anterior a novembro do ano vigente, porque permitiria a atualização com valores oficiais no teto da lei orçamentária.
O arcabouço fiscal foi enviado pela Fazenda ao Congresso em abril, e aprovado pela Câmara em maio. A proposta substitui o atual teto de gastos, com regras mais flexíveis para as despesas do governo.
Pelo projeto, os gastos só poderão crescer em até 70% do aumento da receita, dentro do intervalo de 0,6% a 2,5% acima da inflação. Ou seja, as despesas sempre crescerão menos que as receitas, para evitar um descontrole das contas públicas.
Emenda de líder do governo ao arcabouço autoriza antecipar no Orçamento despesas condicionadas appeared first on InfoMoney.