Sob aval do governo, parlamentares esvaziam ministérios de Meio Ambiente e Povos Indígenas
O parecer do relator Isnaldo Bulhões (MDB-AL) sobre a Medida Provisória 1.154/2023 foi aprovado na tarde desta quarta-feira (24) pela comissão mista que debateu a estrutura governamental criada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O texto teve 15 votos favoráveis e 3 contrários. Com a aprovação, a medida foi encaminhada para apreciação na Câmara dos Deputados e Senado Federal.
O relator afirmou que o parecer aprovado prezou pela eficiência, ao direcionar ao ministério da Justiça a atribuição de demarcar as terras indígenas e o encaminhamento do Cadastro Ambiental Rural para o Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos. A decisão, no entanto, abalou alas do governo, que veem um esvaziamento dos ministérios de Meio Ambiente, comandado por Marina Silva (Rede) e Povos Indígenas, chefiado por Sonia Guajajara (PSOL).
“É um texto de estado e não um texto de pessoas. Os parlamentares definiram que haverá mais eficiência dessa forma”, disse Bulhões. Ainda assim, o parlamentar afirmou que vê com naturalidade a proposição de emendas na Câmara e no Senado.
Pelo relatório, a pasta de Marina também perdeu a influência sobre o Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico (Sinisa), o Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos (Sinir) e o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (Singreh). As mudanças causaram reação da ministra, que mais cedo criticou o texto durante participação em audiência realizada em comissão na Câmara dos Deputados.
O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues, que recentemente deixou a Rede, sigla de Marina, minimizou as mudanças e lembrou que a votação da Medida Provisória ocorreu após semanas de impasse sobre os ritos de tramitação de medidas provisória, em queda de braço entre os presidentes da Câmara e do Senado.
Randolfe reafirmou que o compromisso do governo é fazer com que o texto seja votado nos plenários das Casas Legislativas na próxima semana, para que não seja perdido o prazo de 1º de junho. Depois dessa data, a MP perderia o efeito e o Executivo teria que lidar com os prejuízos políticos de voltar à configuração de governo que vigorou durante a administração de Jair Bolsonaro (PL).
Ainda segundo Randolfe, se ao final das discussões na Câmara e no Senado houver algum tipo de prejuízo para a governança ambiental, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva poderá recorrer ao mecanismo do veto presidencial.
“Nós não queremos jogar a suja com o bebê dentro. É fundamental que essa MP seja votada até semana que vem. Se ocorrer espaço para negociação no plenário da Câmara, tudo bem”, frisou.
Sob aval do governo, parlamentares esvaziam ministérios de Meio Ambiente e Povos Indígenas appeared first on InfoMoney.