No Senado, Tebet diz que visões de governo e BC não são contraditórias e defende que juros, inflação e crescimento andem juntos
A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), defendeu, nesta quinta-feira (27), que juros, inflação e crescimento econômico sejam questões tratadas de forma conjunta pelo governo e pelo Banco Central.
Em sessão de debate no Senado Federal, que também contou com a presença do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), e do próprio presidente do BC, Roberto Campos Neto, a ministra destacou que o crescimento econômico “não pode ficar no meio do caminho”.
Mas disse não ver contradição entre as abordagens do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e da autoridade monetária para a economia brasileira. “O governo faz uma relação muito forte entre crescimento e taxa de juros. O Banco Central, entre taxa de juros e inflação”, disse.
“Nosso governo está a dizer: ‘é impossível crescer, termos um crescimento sustentável, duradouro e inclusivo, com alta taxa de juros’. O Banco Central, dizendo: ‘mas [com] taxas de juros baixas, pagaremos um preço, que seria o aumento da inflação’”.
“Não há contradição nessas afirmações. Da mesma forma que não há contradição quando dizemos que, sim, o BC é responsável pela política monetária, que tem sempre decisões técnicas, mas também afirmar que tem que sempre ter foco nas políticas públicas e no crescimento do Brasil”, pontuou.
Embora tenha defendido a autonomia do Banco Central e pontuado que o governo não interfere nas suas ações, Tebet disse que decisões técnicas tomadas pela autarquia têm consequências políticas.
“Não há contradição em dizer que o BC é autônomo – e é bom que o seja, a autonomia do BC é importante para a estabilidade econômica, e portanto o governo não interfere nas decisões técnicas do BC. Mas o BC também não pode considerar que suas ações são apenas técnicas. São técnicas, mas também são decisões que interferem na política. Especialmente seus comunicados e suas atas”, disse.
Durante sua fala, Tebet também manifestou concordância com a percepção dos efeitos nocivos de uma inflação elevada para a economia e a sociedade. “É o pior e mais perverso imposto a se pagar no Brasil. Quem paga esse preço é a população mais carente e os mais pobres”, declarou.
“Não há contradição [com] querer uma economia mais pujante, gerar emprego e renda, com crescimento sustentado e duradouro”, defendeu.
No breve discurso, Tebet também afirmou que o Brasil tem mantido taxas baixas de crescimento e defendeu a importância do planejamento econômico e medidas como a reforma tributária para superar gargalos. No plano social, chamou atenção para os elevados índices de desigualdade no país e disse que a educação, com foco na primeira infância, tem papel fundamental na reversão do quadro.
A ministra reforçou, ainda, a necessidade do respeito à responsabilidade fiscal, lançando luz especialmente ao arcabouço fiscal, encaminhado pelo governo ao Congresso Nacional na semana passada.
“O governo federal sabe onde quer chegar e o que precisa ser feito. Precisamos ter crescimento com produtividade”, disse. “Sabemos intramuros que temos que fazer o dever de casa, que não podemos gastar mais do que arrecadamos e que temos que zerar o déficit público nos próximos anos. E nossa meta é zerá-lo em 2024”.
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